Cotidiano

Faculdade expulsa aluno transexual

Redação DM

Publicado em 14 de outubro de 2015 às 18:27 | Atualizado há 10 anos

Samuel Silva, de 22 anos, foi expulso da Faculdade Cásper Líbero na semana passada, em São Paulo. O fato ocorreu após o aluno criticar o método de ensino de uma das professoras da instituição em um post de uma rede social.

A professora, Marina Negri, teria exibido um filme em inglês e sem legenda, para que os acadêmicos de Publicidade e Propaganda fizessem uma prova. Posteriormente, Samuel reclamou com a professora ainda em sala de aula pois se sentiu prejudicado por não dominar o idioma. O aluno também postou uma reclamação nas redes sociais questionando método de ensino da professora. Depois do fato, a docente foi demitida.

Se defendendo das acusações, Marina enviou um e-mail para os alunos da turma. “Tenho a dizer que, das quatro turmas de PP, Samuel Silva foi o único aluno universitário que não teve capacidade de assimilar um áudio com sonora em Inglês, narrado lentamente, em linguagem cotidiana, de um filme de 30 segundos. […] Talvez lhe falte repertório, talvez lhe falte domínio de idiomas, talvez lhe falte o que fazer, mas o fato é que ele transformou suas peculiares características intelectuais em vitimização moral”.

O coordenador do curso da instituição alegou que o aluno o agrediu, após discutir sobre o ocorrido. De acordo com alunos da faculdade, o coordenador chamava Samuel pelo gênero feminino e com tom de provocação. O aluno saiu correndo e acabou trombando no coordenador, que caiu no chão.

Em nota, a Cásper diz ter instaurado uma sindicância para avaliar o caso. Leia:

Esta semana a Faculdade Cásper Líbero instaurou uma sindicância para investigar o caso envolvendo o aluno Samuel Silva, que alega ter sido prejudicado na aplicação de uma prova que resultou no desentendimento com uma professora e na agressão de um docente. Durante este período, foram ouvidas todas as partes envolvidas no incidente, assim como as demais áreas competentes da Fundação para a tomada de decisão.

A Faculdade Cásper Líbero sempre recebeu de braços abertos a todos os que a ela acorrem. No nosso papel de instituição de ensino, temos dado apoio a grupos e lideranças estudantis, como o AfriCásper, Lisandra, LGBT, incentivando suas atividades.

No caso do aluno Samuel, também o recebemos de braços abertos desde o início de sua transferência, referendando seu pedido de uso do nome social conforme sua documentação acadêmica. O aluno sempre foi tratado com respeito e a direção recomendou a todos os funcionários, coordenadores e professores que dessem a devida atenção às condições do aluno.

Houve, nos últimos dias, uma série de desencontros nas informações, amplamente divulgadas pelo aluno. Em grande parte das publicações, o aluno insulta a Faculdade com ameaças e com discurso de vingança.

Para cumprir sua missão de formar os melhores profissionais, não podemos aceitar esse tipo de intimidação. Todos são iguais como alunos, com as diferenças aceitas e acolhidas.

Ainda que tenha havido desentendimento entre o aluno e a professora, nada justifica a agressão física do aluno contra o coordenador do curso. Por isso, a instituição comunica a transferência compulsória do aluno para uma instituição que o atenda.

Em relação ao coordenador do curso de Publicidade e Propaganda decidimos pela suspensão de suas atividades na função atual, e o convidamos a permanecer conosco como docente da instituição.

Decidimos também pelo desligamento da professora, entendendo má condução e má postura ao expor o aluno perante a classe e por alimentar a divulgação dos fatos decorrentes, mesmo após orientação de aguardar o resultado da sindicância para se manifestar.

Decisões como esta são sempre difíceis, mas necessárias para assegurar que a Cásper Líbero continue sendo um ambiente acolhedor e respeitoso.
A direção

Com informações do IG

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia