Cotidiano

Mulheres por conta própria

Redação DM

Publicado em 11 de outubro de 2015 às 21:36 | Atualizado há 5 meses

 

Juliana usou amigas como cobaias para provar seus bolos e hoje é uma doceira com a agenda cheia; Ana dançava ballet desde criança e construiu sua própria escola de dança; Olinda deixou de trabalhar no comércio para ter um estúdio de fotografia. Empreender e ser mulher no Brasil é fazer parte de uma minoria estatística.

Pesquisa do IBGE de 2008 nas principais metrópoles brasileiras demonstra que é maior o número de homens empregadores ou que trabalham por conta própria. São 27,2% de empresários homens e 19,9% de mulheres. Também não houve um crescimento significativo de empreendedorismo feminino. Em comparação com 2003, houve um aumento de apenas 0,1% de mulheres que ocupam essa posição no mercado. Mesmo com esse cenário não favorável, muitas goianas foram determinadas e conseguiram construir seu próprio negócio.

A bailarina

Um sonho de infância se transformou na profissão de Ana Gabriela Torres, professora de dança e dona da escola Arte e Movimento, que oferece aulas de street dance a contemporâneo. “Comecei a dançar ballet aos quatro anos. Devido à disciplina logo entrei no jazz, minha paixão. Minha mãe me apoiou quando aos 15 comecei a dar aulas para crianças da escola. Aos 18 já trabalhava em muitas escolas coreografando espetáculos e festas juninas”, conta.

A decisão de montar o próprio negócio veio em 2009. Com a ajuda do marido, que cuidou da parte burocrática – “Artista não se dá muito bem com isso” – começou uma escola em Nova Veneza, município a cerca de 30 km de Goiânia. “Tivemos muito sucesso, mas devido à distância, optamos em só ficar aqui”, diz a empresária.

A maternidade foi outro desafio para o sucesso do empreendimento. A empresária teve que parar de dar aulas de história com o nascimento de sua terceira filha, mas contou com a ajuda da família para continuar. “Tenho um batalhão que me ajuda, minha mãe é meu braço direito na escola. Ela fica na secretaria”, conta Ana Gabriela. Hoje as crianças já se integraram ao ambiente da escola de dança. “Ana Beatriz já trabalha na área como atriz e cantora. Ana Cecili de dois anos ama dançar. As Anas amam arte”.

Em 2010 a empresa se consolidou e ganhou prêmios em festivais de dança. Hoje são sete professoras de ballet e três unidades de trabalho em escolas. “Levamos a estrutura para dentro da escola”, explica Ana Gabriela. “Também estamos iniciando um trabalho de corpo, música e dança com crianças de dois anos. Algo lúdico e diferente”.

A fotógrafa

Olinda Mendanha começou a fotografar por hobby, mas se especializou e não parou mais

Formada no curso de direito, Olinda Mendanha começou a fotografar por hobby. Nas horas vagas do trabalho, um comércio familiar, foi se especializando nessa nova área. Comprou um equipamento profissional e começou a fazer cursos em São Paulo. “Quando entreguei o primeiro trabalho fotográfico pronto para uma amiga cliente, percebi que não pararia tão cedo”, conta a fotógrafa, que hoje é proprietária da La Femme, empresa especializada em ensaios sensuais femininos.

De trabalho em trabalho, Olinda começou a se dedicar integralmente à nova profissão e em 2014 abriu seu estúdio fotográfico. Ela diz não ter encontrado muita dificuldade na parte burocrática de se abrir uma empresa, nem na procura de um lugar adequado para alugar. “O que não falta em Goiânia são imóveis disponíveis para locação. Houve um filtro para encontrar um local: Localização de fácil acesso e com um valor compatível com a realidade do negócio”, explica a fotógrafa.

O foco do trabalho da La Femme é a fotografia feminina. Além de oferecer um bom resultado final, Olinda se preocupa com o momento do ensaio. “A proposta é oferecer um dia inesquecível, regado à dedicação, mimos, atenção, espumante, sintonia e profissionalismo”, explica. Outros profissionais como maquiadores e styling também fazem parte do trabalho. “Coloquei como meta que essa seria a minha ferramenta para elevar a autoestima das mulheres”.

Ela está satisfeita com o trabalho e diz não ver lados ruins em ter seu próprio negócio. “Tenho a possibilidade de ajustar os horários e dias de trabalho. Há mais flexibilidade e qualidade de vida. Fazer o que gosta é um grande benefício e exercer uma profissão que trás alegria a outras pessoas é ainda melhor.”, diz Olinda.

A confeiteira

Formada em nutrição, Juliana se apaixonou depois pela culinária

Juliana Morais era formada em nutrição, mas não exercia a profissão. Uma festa de aniversário que organizou para a filha despertou seu interesse por culinária. “Senti vontade de fazer cupcakes para a festinha da Luiza. Fiz pesquisas e então fiz.”, conta a confeiteira. “Quanto mais eu pesquisava, mais me interessava pelo universo dos bolinhos. Comecei a testar sabores, receitas, me empolguei”.

Os primeiros ‘testes de qualidade’ foram feitos com amigos. “Uma amiga insistiu que eu fizesse uma torta para ela. Ficou até bonitinha, mas não ficou tão gostosa”, disse. A sinceridade da amiga foi importante para Juliana aperfeiçoar suas técnicas culinárias. Quando começou a oferecer seus serviços foi pega de surpresa. “A procura aumentou rapidamente e repentinamente. Nunca planejei trabalhar com doces, aconteceu muito rápido e me realizou”.

Hoje Juliana atende clientes em seu apartamento e o negócio ainda é informal, mas tem vontade de ampliá-lo. “Já pesquisei a respeito de abrir uma empresa, mas a enorme burocracia e impostos altíssimos me desanimaram”, diz. O principal motivo para aumentar o espaço físico é a demanda de clientes. A procura alta deixa alguns insatisfeitos, por não encontrarem espaço na agenda concorrida da confeiteira. A vantagem do trabalho de casa é poder estar perto de sua filha. “A Luiza adora me ver fazendo os bolos e já disse que quer fazer bolos igual a mim quando crescer”.

O curso superior ajudou a aperfeiçoar normas de conduta no preparo dos doces, como no manuseio correto e armazenamento dos alimentos. A relação de Juliana com seus produtos é como de um artista com suas obras. “Às vezes pego amor em uma encomenda em especial. Chego a relutar em desapegar da minha criação e entregar meu ‘filho’ ao dono, no caso cliente”, conta. Ela tem conselhos para quem tem vontade de seguir seu caminho. “Comece naturalmente, tentando conciliar a renda com o prazer que o hobby trás. Para mim o segredo é não deixar o trabalho se tornar um peso”.

(Com informações de Thamy Gibson)

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias