Agressão em plenário

Os ânimos na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) andam exaltados nos últimos dias. A questão dos servidores e o ponto eletrônico iniciaram as divergências na Casa. Não obstante, na última quinta-feira (1º) os deputados também se alteraram e protagonizaram cenas que até incluíram agressão física. Os parlamentares Major Araújo (PRP) e Talles Barreto (PTB) discutiram em plenário devido a votação do projeto aprovado no dia 29 de setembro, que altera o Código Tributário do Estado de Goiás.

No momento da discussão a Assembleia Legislativa estava às escuras devido a queda de energia, quando Major Araújo arremessou um tablet e um microfone contra Talles Barreto. Ao Diário da Manhã, Major Araújo explicou que a votação do projeto iniciou na quarta-feira (30) e na terça-feira (29) passou pelo plenário. No entanto, o deputado alegou que o projeto não passou pela Comissão Mista, conforme prevê o regimento interno da Casa, e que também não viu o projeto sendo mencionado já que estava presente na Comissão.

Na quinta-feira, conforme relatou, Major Araújo subiu à tribuna para solicitar explicações acerca da votação do projeto e, posteriormente, tentou acessar pelo tablet a matéria, porém segundo ele, o mesmo não estava disponível no portal da transparência. “Quando fui consultar estava em branco o que viola os princípios da transparência”. O deputado acrescentou que a própria oposição já acusava a base de manobra, porém na sua concepção houve fraude na votação.

Diante da situação, na tribuna, o deputado solicitou investigação sobre a votação e, no entanto, conforme relatou o deputado Talles Barreto se sentiu ofendido tendo sugerido submetê-lo ao Conselho de Ética. “Não há o que Talles Barreto me ameaçar para o Conselho de Ética e querer tomar meu mandato. Ele fugiu da Assembleia por mais ou menos 30 dias por causa da Operação Tarja Preta”, salientou Major Araújo. O deputado disse que não se arrepende de ter arremessado o tablete contra o outro parlamentar. “Não fico de joguinho. Na Assembleia eles cometem crimes fraudando processos legislativos”, complementou.

De acordo com Major Araújo a Comissão Mista votou o projeto sem quórum e colheram 17 assinaturas apenas de deputados da base governista. “Não estou afirmando nada sem embasamento”. Questionado, o deputado disse que não procurou Talles Barreto para conversar e que na próxima semana irá retomar o debate sobre o projeto. “Prefiro perder o mandato a ser conivente com essa situação fraudulenta”, frisou.

Talles Barreto também foi ouvido pela reportagem do Diário da Manhã e disse que Major Araújo iniciou o debate com acusações aos deputados de estarem com práticas de “rolos” referente a votação. O petebista afirmou que os trâmites da votação na Comissão Mista estavam inerentes ao regimento interno da Casa. “Ele foi irresponsável e agiu de forma desequilibrada e destemperada”, salientou.

O petebista ainda acrescentou que Major Araújo está procurando ser vítima da situação e que, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) acredita que a Casa deve tomar alguma providência contra a agressão que sofreu. Talles Barreto relatou que no plenário defendeu o líder do Governo, José Vitti (PSDB), e a comissão, garantindo que o projeto, relatado pelo deputado Virmondes Cruvinel (PSD) estava dentro da legalidade.

Talles Barreto ponderou que Major Araújo foi o 27° a entrar na Comissão e que os trabalhos já haviam começado, inclusive com quórum para votação. “Às 15h46 já tínhamos quórum e o Major entrou na sala às 15h59. Temos relatório que comprovam. Ele falou inverdades sobre o que aconteceu e ele que deve pedir desculpas quando ver os vídeos da reunião”, disse Talles Barreto.

De acordo com o petebista nada justifica a atitude impensada do deputado com a agressão. O parlamentar salientou que sempre teve uma relação cortês com Major Araújo e que não pode aceitar que o mesmo comece a agredir sua honra. “Foi um equívoco do deputado Major Araújo”.