Lula discute com cúpula do PMDB pacote anticrise
Redação
Publicado em 12 de agosto de 2015 às 23:46 | Atualizado há 10 anosAgência Globo
Depois de três horas de reunião em sua residência oficial com o ex-presidente Lula, o presidente do Senado, Renan Calheiros, e caciques do PMDB, o vice Michel Temer tentou botar panos quentes na disputa entre a Câmara e o Senado, depois que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, rompeu com o governo e Renan lançou um plano de ajuda à presidente Dilma Rousseff. Temer, que é o articulador político do governo, disse que a Câmara também se preocupa com o Brasil e que vai colaborar com o plano de 28 pontos que o Senado sugere que sejam implementados para tentar reerguer a economia. O vice disse que vai tratar do assunto no almoço que terá agora com a bancada do PMDB na Câmara e que também fará um encontro com Renan e Cunha.
“A sensação que eu tenho, e espero que isso se transforme numa convicção, de que a Câmara dos Deputados vai colaborar. Porque a Câmara também é preocupada com o País. Lá estão os representantes do povo brasileiro. Ninguém quer que o Brasil vá mal. Eu tenho absoluta convicção de que a Câmara vai colaborar”, afirmou Temer, após o fim do café da manhã no Palácio do Jaburu.
O vice ainda saiu em defesa de Renan, dizendo estar certo de que o presidente do Senado, ao propor o pacote de socorro ao governo, não tinha a intenção de isolar a Câmara.
“Ele (Renan) jamais quis isolar o Senado em relação à Câmara. A ideia do presidente Renan sempre foi, ao apresentar uma proposta que nasceu no Senado e que é de sua lavra, chamar a Câmara dos Deputados”, pontuou o vice.
Durante a reunião, Lula elogiou a iniciativa de Renan de apresentar um pacote de medidas anticrise. O ex-presidente e a cúpula peemedebista concordaram que é preciso conversar com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A avaliação que foi feita é que se não passar a ter uma postura mais responsável, a Câmara acabará ficando isolada.
Preocupado em não parecer que está interferindo no governo, o ex-presidente Lula reconheceu dificuldades na conversa com o PMDB, mas afirmou que o ambiente político melhorou nos últimos dias.
“Ele disse que estava conversando não como um governo paralelo, mas como amigos preocupados com o futuro do Brasil. Para a sociedade não interessa o quanto pior, melhor. E para quem for eleito (em 2018) também não. Como vai fazer lá na frente com as aposentadorias, com setores ganhando salário igual a de ministro do Supremo Tribunal Federal?”, disse um peemedebista que participou da conversa no Palácio do Jaburu.
Lula fez críticas à atuação dos ministros de Dilma que não têm estado na linha de frente da defesa do governo.
“É preciso que ministros compareçam aos eventos, viagens. Não estão indo e não podem ter medo das críticas e das ruas”, disse Lula segundo relato de um dos participantes da reunião.
O ex-presidente também tentou desfazer o mal-estar causado por declaração de Temer na semana passada, quando disse que era preciso uma pessoa para unificar o País. Lula afirmou aos peemedebistas que entendeu a frase como tentativa de ajudar o governo, e não como uma tentativa de golpe na presidente Dilma.
O articulador político de Dilma elogiou a vinda de Lula para participar desse debate.
“(Lula) Achou positivo a Agenda Brasil, como achou positiva a minha declaração na semana passada, quando alertei para a gravidade da crise. Foi muito correto nessas afirmações. Elogiou o plano, acha que nós devemos trabalhar nele”, disse.
Lula saiu do Jaburu e foi direto para o aeroporto, para voltar para São Paulo. Além dele e de Renan, também participaram do café da manhã os senadores Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Eunício Oliveira (CE), todos do PMDB, o ex-presidente José Sarney, e os ministros Eduardo Braga (Minas e Energia) e Henrique Eduardo Alves (Turismo), que foram indicados pelo partido.