O suprassumo do rock nacional
Redação DM
Publicado em 7 de agosto de 2015 às 23:47 | Atualizado há 7 mesesRariana Pinheiro,Da editoria DMRevista
Eles possuem muitas semelhanças: as claras madeixas, o signo de capricórnio e a paixão por futebol. No mundo das canções, as interseções continuam: eles são inspirados compositores e foram baixistas de bandas que fazem parte nada menos do que da elite do rock nacional. Em noite regada à clássicos e músicas mais recentes, eles – Nando Reis e Humberto Gessinger –, se apresentam, no mesmo palco hoje, a partir das 22h, no Atlanta Music Hall, em Aparecida de Goiânia.
Na ocasião, cada um fará seu show. O ex-vocalista e multi-instrumentista da banda Engenheiros do Hawaii deverá encantar o público, por meio de faixas de seu novo álbum InSular (2013), mas o show de mais tarde promete ainda relembrar sucessos inesquecíveis, à exemplo de Até o Fim, Vida Real, Infinita Highway e Armas Químicas e Poemas. Já o formato escolhido pelo ex-membro dos Titãs, Nando Reis, foi o acústico. É por meio dele, que o compositor preferido de Cássia Eller, certamente, conduzirá coros emocionados em dezenas de hits.
Ativo
Estes cantores, embora não estejam mais naquela fase frenética típica do início da carreira, de lançar um álbum atrás do outro, chegam a Goiânia, em fase de contínua produção. Este é exatamente o caso de Gessinger.
Aos 52 anos, ele não é mais como aquele “garoto, que amava os Beatles e Rolling Stones”. E mesmo que continue amando estas bandas, algumas décadas se passaram e ano que vem, seu primeiro álbum com os Engenheiros do Hawaii, o Longe Demais das Capitais, completa 30 anos. Mas, é fato que ele continua inovando.
Em 2008 se atirou na carreira de escritor com a obra Meu Pequeno Gremista e, desde então, já foram mais quatro livros. Já, no ano de 2013 lançou o primeiro álbum solo da carreira, que se transformou em um DVD de sucesso – ganhou até disco de ouro. E não deverá demorar até o artista lançar o próximo trabalho. Como Gessinger adiantou em entrevista ao DMRevista, ele possui novas produções que deverão sem mostradas em “algo novo” previsto para 2017.
O Ruivão
Também um músico ativo e compositor inspirado, Nando Reis, que lançou seu último trabalho solo em 2012 – o Sei (2012) –, promete mostrar o quanto já fez músicas boas nestes mundo. No palco, estará acompanhado pela banda Os Infernais e contemplará o presentes com alguns dos seus primeiros sucessos, gravados por outros artistas e que não aparecem em suas apresentações há muito tempo. Estão no repertório faixas como Diariamente, por exemplo, que ficou famosa na voz de Marisa Monte.
Na performance, o público goiano terá ainda a oportunidade de conhecer melhor as influências musicais deste cantor e constatar, que canções de outros compositores estão declaradamente nas origens de suas faixas mais famosas. O hit All Star mesmo, tem parentesco com a faixa Waiting In Vain, de Bob Marley. Já Dear Prudence, dos Beatles, deu condições para que Espatódea existisse. E por aí vai… Todas essas estarão presentes no roteiro do show.
- Entrevista com Humberto Gessinger
DMRevista – O que os goianos terão no show de sábado (hoje) e como é se apresentar no mesmo dia e palco que Nando Reis. Vocês possuem muitas semelhanças, não é mesmo?
Humberto Gessinger – O show é baseado no DVD inSULar, com músicas de todas as fases da minha carreira. Eu e Nando somos capricornianos, tricolores, cada um na sua cidade (Nando é são-paulino e Gessinger gremista), baixistas de bandas de sucesso… Temos dividido algumas noites na estrada e tem sido sempre legal. Temos públicos muito bacanas e carinhosos.
DMRevista – Você completou 30 anos de carreira e está divulgando os primeiros trabalhos baseados no disco solo. Como define a atual fase de Humberto Gessinger?
Humberto Gessinger – Nunca gostei tanto de estar na estrada fazendo música quanto hoje! Não sei se seguir tocando é mais fácil ou mais difícil do que começar a tocar, mas, para mim, é mais prazeroso. Com o tempo todos nós temos a chance de lapidar o diamante que recebemos ao nascer.
DMRevista – Sobre Insular, você já disse: “Não esperei dez anos para gravar um disco que ficasse velho em 15 minutos”. E falou também que a produção foi diferente e mais misteriosa. O que mudou nestes últimos dez anos que ficou sem lançar álbuns inéditos?
Humberto Gessinger – Nesses dez anos lancei três DVDs dos quais gosto muito em formato acústico (Acústico MTV, Novos Horizontes MTV, e Pouca Vogal). Tava na hora de matar a saudade do som mais pesado. Voltei bem mais maduro e encontrei caras muito legais para seguir comigo. Estou conseguindo realizar uma vontade que me acompanha desde o Longes Demais das Capitais: colocar elementos regionais no “roquenrrou”. No Sul ainda estamos aprendendo a fazer isso que, no Nordeste já se faz bem desde os anos 70.
DMRevista – As pessoas têm recebido bem esta nova turnê, não é? E antes dela, como foi integrar a Pouca Vogal e o HG Trio? São projetos que terão continuidade?
Humberto Gessinger – A recepção me surpreendeu positivamente. Tinha fé de que o pessoal ia sacar o trabalho, mas não pensei que fosse tão rápido. O DVD já saiu ganhando disco de ouro… Apesar de não achar que os números dizem tudo, nesse caso acho que é um dado significativo.
Quanto ao futuro, só enxergo a sequência da tour inSULar. Ano que vem completa 30 anos de gravação do Longes Demais das Capitais e talvez eu faça alguns shows pontuais tocando o disco na íntegra, mas não pararei com a tour inSULar antes de 2017.
DMRevista – Na canção Alexandria, que gravou com Tiago Iorc, vocês são duas gerações de artistas cantando sobre as inconveniências das redes sociais. Mas, em seu site, os fãs podem chegar perto de você e do que pensa sobre o mundo de uma maneira muito verdadeira. Sua relação com o mundo conectado é de amor e ódio?
Humberto Gessinger – Não é uma relação radical: nem a favor nem contra. Tento ser moderado. Para mim e minha geração, é um mundo novo. E é inevitável. São ferramentas até certo ponto neutras. Cabe a cada um fazer o uso que acha correto.
DMRevista – Com os Engenheiros do Hawaii, juntamente com a ex-banda de Nando Reis e outros tantos nomes, vocês formaram uma “elite” do nosso rock nacional. Conseguiram ainda expressar bem as angústias, dúvidas e anseios de nosso tempo. Para você, falta atualmente bandas novas de rock com este mesmo peso?
Humberto Gessinger – Não acompanho muito de perto a cena, mas tenho a impressão de que há, sim, muita coisa boa sendo feita. Mas hoje é mais difícil peneirar toda a informação que recebemos.
DMRevista – Agora, falando sobre a literatura, tem algo novo para lançar este ano?
Humberto Gessinger – Esse ano não. Lancei cinco livros num curto período de tempo, acho que tenho que deixar o pessoal absorver antes de seguir em frente.
DMRevista – E na música, vamos ter que esperar mais dez anos para algo inédito?
Humberto Gessinger – Não! Já tenho material, mas ainda não pensei em como agrupá-lo. Em 2017 devo lançar.
““Eu e Nando somos capricornianos, tricolores (cada um na sua cidade), baixistas de bandas de sucesso… Temos dividido algumas noites na estrada e tem sido sempre legal”
Humberto Gessinger