Cultura

O maior assalto a  banco brasileiro

Redação

Publicado em 4 de agosto de 2015 às 22:27 | Atualizado há 10 anos

Walacy Neto,Especial para DMRevista

A história da humanidade tem certos detalhes e ocorrências que ficam marcados pela violência. Em algumas situações a violência vem como resposta a opressões – assim como um gato que ataca quando acuado num canto – e se tornam mais visíveis. “Traficante na favela morre em tal circunstância”. A forma como a violência em certos lugares é expressa, cria certo sentimento de dia a dia. Uma morte na cidade grande, hoje em dia, é algo constante que estampa-se no jornal quando “nenhuma morte foi registrada”. Slavoj Žižek, filosofo iuguslávo que aproxima seus estudos com a Psicanálise, em seu livro chamado “Violência” que uma das grandes expressões de violência está em segundo plano: o capital.

O dinheiro move a rotina diária do cidadão urbano, rural, preto, baixo, gordo, gay e etc. Marca as páginas da história desde o início do comércio até a invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Dez anos atrás o dinheiro motivou um grupo de pessoas a realizar o maior assalto a banco do Brasil na cidade de Fortaleza. A quadrilha, formada por cerca de 36 criminosos, conseguiu furtar R$ 164,7 milhões em notas não numeradas. Todo o plano fora arquitetado, várias pessoas foram envolvidas, inclusive um funcionário que trabalhava no banco. Foram sete sequestros, um suicídio, diversas mortes, 26 Ações Penais julgadas, 133 denunciados e 85 condenados.

O assalto

A ação dos bandidos começou em maio de 2005 quando receberam informações técnicas, como a planta do prédio e o mapa subterrâneo da cidade. Uma casa fora alugada no centro da cidade, alguns metros de distância do banco, na casa nº 1071, da Rua 25 de Março. Os assaltantes montaram uma empresa de fachada que venderia grama sintética: isto, ao final, seria exposto como um disfarce para que o bando pudesse retirar terra do túnel que seria cavado. Um túnel. 80 metros de comprimento, 70 cm de largura e 4 metros de profundidade, cuja a parte final dava no piso do banco, construído com 1,10 metro de espessura em concreto maciço.

Todo o plano fora arquitetado e calculado pelo grupo que conseguiu furtar os R$ 164,7 milhões por durante sete horas e fugir, sendo que o roubo só foi notado no dia 8 de agosto, segunda-feira, horário em que o banco abre as portas. A primeira estimativa de valor a polícia fez através do peso das notas de R$ 50,00 retiradas: 3,5 toneladas que haviam sido retiradas de circulação e posteriormente seriam incineradas. Desse valor, até os dias atuais, a polícia conseguiu recuperar apenas R$ 30 milhões, somando a venda dos bens dos acusados e o valor recuperado em dinheiro durante os três anos de operação. Empilhando as notas, daria pra fazer uma pilha com 33 metros.

Dos acusados no inquérito policial, quase todos já foram interrogados e julgados atualmente. Sendo que o principal acusado, considerado o líder do grupo, Antônio Jussivan Alves dos Santos, conhecido como Alemão, foi preso em 25 de fevereiro de 2008. A Polícia Federal encontrou o Alemão em Taguatinga, no Distrito Federal, quando este já era considerado um dos bandidos mais procurados do país. Na casa onde morava fora encontrado cerca de R$ 85 mil e uma pistola calibre 38. Ele foi condenado a 49 anos de prisão em regime fechado.

 

Atualmente

No dia 5 de agosto de 2012, quando se fazia 7 anos do crime, a Justiça Federal do Ceará emitiu nota sobre o crime. O segundo maior furto do mundo, e maior do Brasil, tinha várias conclusões sobre o caso, mas aguardava o julgamento de 32 réus e quatro ações penais. Atualmente, dois acusados continuam foragidos Antonio Artenho da Cruz, vulgo Bode, e Juvenal Laurindo.

R$ 164, 7 milhões de reais foi a motivação para arquitetar um plano imenso, movimentar todo um país e marcar as páginas da história. É um valor alto que causa choque ainda maior em quem se aproxima da história. Porém, atualmente, os rios são mais fundos e incrivelmente mais claros. Por exemplo, foram R$ 21 bilhões desviados da Petrobras e descobertos na Operação Lava Jato. R$ 164, 7 milhões é um valor muito alto, mas R$ 21 bilhões é 127 vezes mais.

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