Literatura italiana
Redação DM
Publicado em 30 de julho de 2015 às 00:59 | Atualizado há 10 anosA literatura muitas vezes nos surpreende. Apesar de termos autores magníficos, muitas vezes o brasileiro desconhece os seus e aprecia os estrangeiros. Hoje falarei um pouco sobre literatura italiana.
É verdade que conhecemos apenas uma pequena parcela que nos chega traduzida da língua espanhola, italiana e latim. Óbvio que não sou gabaritado a dar qualquer palpite crítico ou acadêmico, mas limitarei a dar impressões de leitura.
Do mesmo modo que A Divina Comédia, obra clássica do século XIII de Dante Alighieri, o primeiro e maior poeta italiano, que é tão conhecido mundialmente, há autores que não são traduzidos. Outros, como a maioria, a exemplo do atual juiz e escritor Gianrico Carofiglio, só são traduzidos após muita badalação internacional.
Um autor atual e também bastante conhecido é Umberto Eco, também linguista e filósofo. O nome da rosa (tanto o livro quanto o filme) é uma obra excelente. Seu último livro é O Cemitério de Praga, publicado em 2011. O primeiro livro que li dele foi Baudolino, que ainda guardo na minha estante. Esse livro foi bastante para tê-lo como um dos grandes autores desse século.
Um dos maiores best sellers italianos é Os Tigres de Mompracem de Emílio Salgari, que é um dos italianos mais traduzidos para o mundo. Por ter navegado pelos mares ele tinha conhecimento sobre diversos lugares. Uma grande perda ele ter suicidado em 1911!
Outro livro que tenho (Contos Romanos, de Alberto Moravia) revela um grande escritor, que também era jornalista. Destaque para a novela Os indiferentes, escrita em 1929 (ele tinha 22 anos!). Uma tragédia romanceada sobre a indiferença e covardia.
Uma autora que merecia maior destaque por aqui, apesar de ter recebido o Nobel de Literatura em 1926: Grazia Deledda, que escreveu muito nova no início do século passado e publicou poesias em revistas femininas. Sua obra mais primorosa é Caniços ao Vento, que narra crises existenciais e a fragilidade humana. Escreveu sobre a vida, a morte, o amor, a dor e a culpa.
Impossível não falar de clássicos como o Decamerão de Giovanni Boccaccio, coletânea de cem contos críticos sobre a perversidade. O Príncipe de Nicolau Maquiavel, o maior nome do Renascimento, criou conceitos que até hoje são estudados. Mas ele não escreveu somente sobre poder e política, escreveu sobre o amor, a natureza humana, história, música, religião, ética etc.
O professor de história Júlio Pimentel Pinto, da USP cita alguns destaques dessa literatura: Antonio Tabucchi, Leonardo Sciascia, Fernanda Pivano, Claudio Magris e Andrea Camilleri. Entre os autores recentes: Vincenzo Consolo, Gianrico Carofiglio, Alessandro Baricco, Niccolò Ammaniti, Marcelo Fois, Susanna Tamaro e Giuseppe Pontiggia.
Enfim, é impossível fazer uma lista que contemple um grande número significativo, mesmo distante da totalidade, posto que, muitas vezes não conhecemos sequer os excepcionais autores de nossa terra. Há muita gente boa no anonimato. E o nosso cenário parece estar encurralado num feudo; muitas vezes prioriza em segundo plano o eixo Rio-São Paulo e, principalmente, os enlatados estrangeiros. Normalmente, literatura boa se encontra escondida em sebos ou fora do mercado! Até a próxima página!
(Leonardo Teixeira, escritor)