Opinião

O poder maledicente da língua

Redação DM

Publicado em 21 de julho de 2015 às 22:42 | Atualizado há 10 anos

Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de  dar conta no dia do juízo.

(Mateus 12:36)

 

Geralmente uma pessoa dinâmica, vencedora, bem quista na sociedade e que possui muitos amigos, reconhecidamente produtivos, inteligentes, bem sucedidos, tanto na vida pessoal como profissional, causa inveja a outros. Então, você que está nesse estágio da vida, é bom ficar alerta, esperto e observar mais os atos das pessoas que o cerca e que se dizem amigas. Pois bem. Certo dia, alguém que sofrera calúnia e difamação pediu-me que escrevesse um artigo e nele comentasse sobre pessoas que costumam falar mal dos outros pelas costas.  Sensibilizado com seu pedido e da forma em que fora hostilizada, mesmo sabendo que em nossa sociedade ou meio cultural é comum acontecer isso, escrevi este pequeno texto e antes de encaminhar para publicação o enviei a ela no afã de fazê-la entender que realmente deve ficar mais atenta, observar mais, olhar fixamente nos olhos das pessoas, principalmente nos daquelas que porventura a fofoca ou impropérios chegaram ao seu conhecimento. Fiz este texto certo de que a pessoa que me pediu era e é justa, respeitadora, grande profissional, pratica o bem sem olhar a quem, mas, infelizmente, chegando à conclusão que talvez de nada adiantasse o texto, pois do outro lado, além de falsidades, ainda existem pessoas que carregam esse hábito, ou para ser mais direto, o péssimo habito de falar mal dos outros pelas costas. E não é só falar mal. É falar mal sem motivo.

Quando alguém tem o péssimo costume de falar mal de outras pessoas, para ele não importa o lugar em que se encontra; pode ser numa entidade cultural, num boteco, durante uma confraternização qualquer e ou mesmo em organizações nas quais lutam pelo seu desenvolvimento. É público e notório que o hábito de falar mal dos outros está presente em todas às áreas da sociedade e cotidianamente. É de abismar! Somente quem já foi vitima de fofocas sabe o mal que esta prática causa e os traumas que deixam na vida das pessoas. A fofoca abre verdadeiras feridas na alma das que são vítimas. É infinitamente enorme o numero de fofoqueiros que habitualmente temperam suas “histórias” com pitadas de veneno. Sem pensar duas vezes, ferem a moral, a ética e os bons costumes dos outros, pondo as vidas deles em cheque; pessoas maldosas que se julgam juízes chegando ao ponto até de dizer que a pessoa “é o sucesso” que é porque foi ele que a “fez” e o apresentou à sociedade, e, além disso, tem o disparate de querer decidir ou tentar influenciar o destino dessas pessoas.

Caro leitor: quanto é difícil a gente ver numa rodada de conversa predominar o elogio, de alguém falar bem de outro, enaltecer suas virtudes. Quem conversa muitas vezes esquece-se de falar dos seus próprios defeitos. Para ele não tem graça elogiar o outro, não fica interessante. Pode até causar certo mal-estar. Geralmente quando alguém faz um comentário elogioso, ele próprio ou alguém fala logo em seguida: “Ah, Fulano é ótimo mesmo, mas também é assim, assim, assaz…” Outros dizem: “Eu que realizei isto, é obra minha, mas na realidade, apenas quer se vangloriar de uma coisa que nem foi ela que fez e jamais conseguirá fazer.” Bem, e quanto a isso, a pessoa que me solicitou este texto, disse também que ouviu alguém falar mal de mim, se sentiu mal no momento porque ela me conhece, sabe o que eu realizei e continuo realizando em prol das entidades das quais participo, além é claro, de conhecer bem o meu caráter.

Pessoas que falam mal das outras, não posso precisar o percentual, são absolutamente infelizes, afinal, alguém que tem como sua maior preocupação a vida alheia, além de não ter o que fazer deve realmente ser muito infeliz. É comum pessoas assim, serem potencialmente um vulcão de mentiras além de não pouparem ninguém. Falam mal do chefe, do companheiro de trabalho, da faxineira, do mecânico, do médico, do operário, do irmão, do amigo e algumas chegam ao cúmulo de falar mal até dos próprios pais. Confunde sem a menor cerimônia os indivíduos e suas funções, não diferenciam o homem do profissional. Na Bíblia, Salmo 34:13, encontramos este provérbio: “Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem dolosamente.”

Particularmente conheço algumas pessoas que tem esse péssimo hábito, e que faz do falar mal dos outros, o seu verdadeiro emprego, ou mantença dele. Esta pessoa vive tão envolvida com a fofoca que chega mesmo a acreditar no próprio engodo. Aliás, ultimamente, pessoas já dissertam impropérios até sobre minha pessoa, algumas que já me conhecem há anos, outras, sem ao menos ter o prazer de conviver comigo ou me conhecer melhor. A pessoa que tem como hábito, esse tipo de conversa que exala veneno, atribui cinicamente todos os seus fracassos ao sucesso alheio e a sua maior realização é obter êxito ao tentar ofuscar o brilho de outras pessoas.

Como o que colhemos é exatamente o que plantamos, costumeiramente, gente assim vive muito mais que as outras, desta forma seu sofrimento também é maior e de uma intensidade sem limites. Isso a gente presencia todos os dias, como alguém que poderia dizer-se que era seu “amigo”… mas, no entanto… Todavia, infelizmente, existem pessoas que nunca mudarão, pois, fazem do ódio, do rancor e da inveja o eterno combustível de suas vidas. É bom lembrar que todo e qualquer acontecimento, tem no mínimo duas versões e não devemos jamais, deixar passar a oportunidade de ficarmos calados quando não sabemos realmente dos fatos ocorridos. Assim, além de sermos sensatos, evitamos a injustiça e a maledicência. Em geral as pessoas falam dos inimigos publicamente, já dos amigos, só pelas costas.

Fofocar nada mais é que uma necessidade de se elevar e isso são feito à custa do rebaixamento alheio. Esse comportamento é fruto da competição e da inveja. O prazer de falar mal de alguém existe porque equilibra o mal-estar do invejoso diante da alegria, do sucesso ou da competência do outro. “Queria estar no lugar dele…” O maledicente sofre de profunda inferioridade, não suporta o brilho das outras pessoas. Por não ter luz própria, só consegue brilhar roubando a luz do outro, se tornando um intrigante personificado. Esses infelizes devem ter tomado aulas com Maquiavel, tamanha a mordacidade que emprega.

Existe um ditado popular que diz assim: “falem mal, mas falem de mim”. Com relação a esta frase eu prefiro que me esqueçam, até porque quem se importaria comigo de verdade, falar para mim, não de mim. E pra ser mais sincero digo que as pessoas que vêm perambulando pelos silenciosos corredores da maledicência, que têm esse hábito, que jamais vêm de cabeça erguida e nem olha nos seus olhos, lanço o desafio de apresentar um motivo, um apenas, de proferir as inverdades ditas contra ti. Contudo, geralmente as pessoas que falam mal, ao serem indagadas do real motivo nos quais ela destila o veneno para com a pessoa, gagueja e não sabe dar a devida resposta. Então, resta-me finalizar dizendo outro texto bíblico: “Senhor, livra-me dos lábios mentirosos e da língua enganadora.” (Salmo 120: 2)

 

(Vanderlan Domingos de Souza, advogado, escritor, missionário e ambientalista. É vice-presidente da União Brasileira dos Escritores; membro da Academia Morrinhense de Letras; membro da Alcai – Academia de Letras, Ciência e Artes de Inhumas. Foi agraciado com Título Honorífico de Cidadão Goianiense. Escreve todas as quartas-feiras para o Diário da Manhã. Email: [email protected] Blog: vanderlandomingos. blogspot.com Site: www.ongvisaoambiental.org.br)

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