Corrupção e suborno são coisas de antes de Cristo (a Bíblia já nos advertia há quase três mil anos)
Redação DM
Publicado em 9 de junho de 2015 às 03:24 | Atualizado há 10 anos
Ultimamente, tem pipocado tanto escândalo, que Deus me livre! “Mensalão”, “petrolão”, “BNDES” e agora vem o da outrora insuspeita Fifa, que fatalmente vai respingar na CBF e em outros setores esportivos do mundo inteiro.
Muitos podem pensar que a corrupção é um fenômeno recente na sociedade. Se assim fosse, não haveria tantas advertências bíblicas contra ela. Não é preciso ser crente para se constatar isto; basta apenas ser estudioso e saber pesquisar.
Existem advertências contra a corrupção no Judiciário já no princípio do mundo: o Deuteronômio 16:19-20 diz: “Não torcerás a justiça, nem farás acepção de pessoas. Não tomarás subornos, pois o suborno cega os olhos dos sábios, e perverte as palavras dos justos. Segue a justiça, e só a justiça, para que vivas e possuas a terra que o Senhor teu Deus te dá.”
Sem seguir uma ordem cronológica, há inúmeras passagens em que Deus condena a corrupção e o suborno.
Há advertências explícitas contra a corrupção no Poder Executivo:
“Os teus príncipes são rebeldes, companheiros de ladrões; cada um deles ama o suborno, e corre atrás de presentes. Não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a causa das viúvas” (Isaías 1:23). “Pela justiça o rei estabelece a terra, mas o amigo de subornos a transtorna” (Provérbios 29:4). “Abominação é para os reis o praticarem a impiedade, pois com justiça se estabelece o trono” (Provérbios 16:12).
No Poder Legislativo: “Ai dos que decretam leis injustas, e dos escrivães que escrevem perversidades, para privar da justiça os pobres, e para arrebatar o direito dos aflitos do meu povo, despojando as viúvas, e roubando os órfãos! Mas que fareis no dia da visitação, e da assolação, que há de vir de longe? A quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa glória, sem que cada um se abata entre os presos, e caia entre os mortos?” (Isaías 10:1-4). “Também suborno não aceitarás, pois o suborno cega os que têm vista, e perverte as palavras dos justos” (Êxodo 23:8). “O ímpio acerta o suborno em secreto, para perverter as veredas da justiça” (Provérbios 17:23). “Ai dos que.justificam o ímpio por suborno, e ao justo negam justiça” (Isaías 5:22,23). “Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e o suborno corrompe o coração” (Eclesiastes 7:7). “Não farás injustiça no juízo; não favorecerás ao pobre, nem serás complacente com o poderoso, mas com justiça julgarás o teu próximo” (Levítico 19:15).
Os chamados grandes profetas falam sobre a corrupção e a ganância no meio empresarial: “No meio de ti aceitam-se subornos para se derramar sangue; recebes usura e lucros ilícitos, e usas de avareza com o teu próximo, oprimindo-o. E de mim te esqueceste, diz o Senhor Deus. Eu certamente baterei as mãos contra o lucro desonesto que ganhastes…” (Ezequiel 22:12-13). “Melhor é o pouco, com justiça, do que grandes rendas, com injustiça” (Provérbios 16:8). “O que oprime ao pobre para aumentar o seu lucro, ou o que dá ao rico, certamente empobrecerá” (Provérbios 22:16). “O mercador tem balança enganadora em sua mão; ele ama a opressão” (Oséias 12:7).
“Não terás dois pesos na tua bolsa, um grande e um pequeno. Não terás duas medidas em tua casa, uma grande uma pequena. Terás somente pesos exatos e justos, e medidas exatas e justas, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá. Pois o Senhor teu Deus abomina todo aquele que pratica tal injustiça” (Deuteronômio 25:13-16). “Balança enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer” (Provérbios 11:1). “O peso e a balança justos são do Senhor; obra sua são todos os pesos da bolsa” (Provérbios 16:11). “Poderei eu inocentar balanças falsas, com um saco de pesos enganosos?” (Miquéias 6:11).
Passando pelas Idades Média e Moderna, vimos a escandalosa rede de corrupção disseminada na venda de indulgências pela Igreja Católica (pagava-se pelo perdão de pecados), atingindo o auge no pontificado do Papa Leão X (1513-1521). O poder temporal da Igreja era tão grande, que os reis e imperadores tinham que ser ungidos pelo papa. Quem não se lembra do “Caminho de Canossa”, quando o rei Henrique IV, do Sacro Império Romano-Germânico, em sinal de humildade, percorreu a pé entre Speyer e o Castelo de Canossa (quase 800 km), para poder se encontrar com o papa Gregório VII, em janeiro de 1077? O rei teve que permanecer três dias e três noites, de joelhos, às portas do castelo, sob intenso frio e sob a neve, vestido como um monge, com uma túnica de lã e descalço para poder conseguir a revogação da sua excomunhão.
Martinho Lutero, monge agostiniano alemão e professor de teologia, levantou-se veementemente contra diversos dogmas do catolicismo romano, contestando sobretudo a doutrina de que o perdão de Deus poderia ser adquirido pelo comércio das indulgências, e tornou-se uma das figuras centrais da Reforma. E hoje, vemos ser comercializada a fé, com a proliferação de igrejas e seitas, que fazem promessas de cura e bênçãos em troca do vil metal, coisa que os verdadeiros cristãos abominam.
Mas isto é apenas para mostrar que os dilapidadores do patrimônio público de hoje não inventaram a corrupção. Mas, seguramente, o Brasil é o primeiro caso no mundo em que um governo incentivou, patrocinou e institucionalizou a corrupção. Em outros países, ela é praticada às escondidas, com pesadas punições, mas no Brasil é às escâncaras e com o beneplácito de quem deveria coibir e punir. E com gente aparelhada para fazer “vistas grossas” e até absolver.
Imagine se nossos políticos tivessem a Bíblia como livro de cabeceira, em vez de O Príncipe, de Maquiavel! Veriam que a corrupção não compensa.
Isto, em tese, pois no Brasil está compensando. E como!
Mas só por enquanto, pois aí vem a advertência, não mais da Bíblia, mas da sabedoria popular: “Deixe estar, jacaré, que um dia a lagoa seca.”
(Liberato Póvoa, desembargador aposentado do TJ-TO, escritor, jurista, historiador e advogado, [email protected])