O enigma do Detran: decifra-me ou reprovo-te!
Redação DM
Publicado em 7 de junho de 2015 às 02:05 | Atualizado há 10 anos
Como tudo no Brasil é muito burocrático, atrasado, reacionário, causando enormes dificuldades na gestão de projetos e no desenvolvimento de políticas que amenizem e, até mesmo, desentravem de uma vez por todas a obtenção de licenças para a aquisição de um documento ou serviço, com o Detran País afora, não poderia ser diferente. É apavorante e, muitas vezes, ultrajante adquirir uma carteira nacional de habilitação (CNH), em qualquer estado da federação, uma vez que, o mesmo entrave antiquado e sem sentido, especialmente neste período de inovações tecnológicas – são idênticas do Oiapoque ao Chuí. Qual é o custo e o tempo de espera para se adquirir uma licença de habilitação no Brasil? Os preços costumam variar de um estado para outro. Já a burocracia, nem tanto!
Só estão faltando pedir um exame de sanidade mental. “Você se considera louco? Fala com algum eletrodoméstico como se fosse um amigo de verdade? Têm algum amigo imaginário com quem interage constantemente? Toma medicamentos tarja preta? Às vezes acha que é Napoleão Bonaparte, Cleópatra, Adolf Hitler, ou qualquer outra personalidade famosa? Dizem que de médico e louco todo mundo tem um pouco, mas se alguém se enquadra nessas questões, o problema deve ser encarado com seriedade.
Já que a burocracia é a alma desse País, por que não implantar também o teste de alcoolismo – já que a Lei Seca e suas medidas tem sido ineficaz até aqui. Com a ajuda de um detector de mentiras de última geração, com análise das ondas cerebrais do indivíduo, poderia muito bem ser aplicado o seguinte exame: “Você bebe socialmente ou é alcoólatra? Quais as bebidas de sua preferência? Quanto de álcool você ingere diariamente, semanalmente, mensalmente? Já frequentou reuniões do AA? Caso a resposta seja sim para algumas das alternativas, o cidadão, automaticamente deveria ser desqualificado, tendo seu pedido de emissão para a CNH indeferido. Os testes de avaliação teórica e prática dos DETRANs pelo Brasil afora podem ser comparados ao enigma proposto pela esfinge de Tebas, enviada por Hades ou Hera, para castigar os moradores da referida cidade. Segundo a lenda, a dita cuja destruía os campos e afugentava os moradores. Para se retirar do local, lançou uma dificílima charada aos habitantes: “Que animal caminha com quatro pés pela manhã, dois ao meio-dia e três à tarde e é mais fraco quando tem mais pernas? – Decifra-me ou devoro-te!. Tentativas frustradas aqui e ali, decepção e prejuízos acolá, morte e ruína para outros, enfim, Édipo, filho do rei de Tebas, solucionou o mistério: O homem! Engatinha de quatro quando bebê, caminha ereto quando cresce e usa bengala como apoio na velhice. Ao ouvir a resposta certa, a esfinge se lançou no precipício, desaparecendo para sempre. O Detran bem que poderia seguir o mesmo exemplo!
Por que os custos para a emissão do referido documento são tão altos? O que o onera tanto? Quanto é a receita anual desse órgão? Como são aplicados esses recursos? De quanto é a folha de pagamento, começando pelo alto escalão até o mais humilde serviçal? Enfim, faça-nos saber, pois a cada semana centenas de indivíduos pela primeira, segunda, terceira, décima… vez passam por seus guichês pagando taxas e mais taxas, para obter uma licença penosa e burocrática, que não educa e nem habilita ninguém para enfrentar o caótico trânsito brasileiro, cheio de motoristas imprudentes, incompreensíveis, ignorantes, mal-educados, ruas esburacadas, mal sinalizadas, defeituosas, inseguras, além da rabugice de policiais, guardas e funcionários de agências, secretarias, autarquias e departamentos que “regulamentam” o tráfego e transportes desse emperrado e atrasado País. Já que é de praxe copiar o sistema de países desenvolvidos, por que não adotar a mesma norma implantada em alguns estados americanos, já que adolescentes com 16 anos podem obter a driver license (carteira de motorista). No Brasil, eles continuam matando, roubando, cometendo as piores atrocidades – com a anuência do Estado que reluta em reduzir a maioridade penal. Além disso, lá fora, os exames de avaliação são rápidos, precisos e eficientes, proporcionando ao solicitante sua licença de direção em poucas horas, e não, meses e até anos, como ocorre neste País. Não é preciso nenhum Édipo da vida para derrotar a mitológica figura da Esfinge de Tebas em que os Detran Brasil afora se transformaram. Basta apenas o bom senso dos dirigentes do Denatran para mudar esse sistema arcaico e burocrático que só emperra cada vez mais o trabalho desse Órgão, facilitando a atuação de grupos de oportunistas e fraudadores, que entre uma e outra trapaça, vão “habilitando” assassinos do trânsito. Infelizmente, como não basta apenas a opinião de poucos, mas a voz da maioria nas ruas, o Detran continua seu cruel desafio – Decifra-me ou reprovo-te!
(Cezar Frugoni, articulista)