O PT e o preço do poder
Redação
Publicado em 4 de junho de 2015 às 02:54 | Atualizado há 10 anosAs línguas ferinas garantam que Dilma Rousseff, assim como o padrinho Lula utilizam os preceitos de ‘O príncipe’, de Nicolau Maquiavel, como livro de cabeceira. Mas é provável que alguns dos ensinamentos do mestre tenham sido ignorados. Entre eles a certeza do autor de que: “O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do patrimônio”.
Ao ignorar essa verdade inerente ao caráter dos seres humanos, Dilma colocou o PT numa equação ingrata que corrói o patrimônio do partido. Em nome da manutenção do poder, durante corrida eleitoral, a então candidata Dilma demonizou os adversários. Imputou a eles o estigma de ações que, logo após as eleições, ela é que passou a realizar sem nenhum pudor: a mentira, que poderia ser engolida pelos contribuintes calejados com enganações, se tornara trivial; pegou mal porque, atingiu o bolso do trabalhador.
A presidente afirmou que os oponentes iriam importunar os operários nos quesitos de seguro desemprego, pensões, reduzir o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e promover o tarifaço. Mas foi justamente ela que remexeu em todos os itens citados, promoveu aumentos brutais na conta de energia e no valor da gasolina. O ajuste fiscal veio a galope, quando se vendeu a falsa ideia de que tudo estava perfeito nas estruturas da economia dolulopetismo.
Tudo isso afetou o patrimônio e o poder aquisitivo das massas, que acreditaram fielmente nas falácias que as pessoas bem informadas sabiam não ter cabimento. A lorota, mesmo tendo culminado na manutenção do poder, teve um custo muito alto ao partido dos trabalhadores. Como pilar da base aliada, e tendo o dever de ficar ao lado da mandatária mor da nação, o PT se desmoraliza perdendo eleitores em todos os níveis da sociedade.
É um clássico caso de vitória de Pirro, pois o trono do Palácio foi mantido num desgaste tão sacrificado, numa violência moral abominável, que praticamente não valeu a pena. A tentativa de manter a moral – abaladíssima – leva com que os militantes partidários sejam Sísifos e se vejam diante de uma enorme montanha da ética, tendo a corrupção e os desvios de conduta como a rocha pesada, que os derrubam assim que conseguem chegar ao topo.
O desfecho para o PT, nas variáveis que o futuro parece reservar, é de uma corrosão nas raízes do partido. Está sendo destruído, de forma irrecuperável, um patrimônio importante. Mais uma lição de que não vale à pena orientar-se pelo aético conceito de que os fins justificam os meios. Nada vai justificar a bandalheira que o País se encontra.
Rosenwal Ferreira, jornalista