Opinião

Maremoto governamental afoga setor produtivo

Redação DM

Publicado em 17 de abril de 2015 às 01:17 | Atualizado há 10 anos

É horrível quando alguém chega e diz: eu avisei. Mas o cenário econômico que estamos vivendo era altamente previsível. Estamos reféns de um governo que administra por tentativa, sem qualquer planejamento a médio e longo prazo, que não oferece segurança nem  à população, nem a investidores.

Vivemos a inconstância de uma política econômica que volta atrás em benefícios concedidos, como quem desiste de brincar de pique-pega quando é pego. É o que o governo fez quando volta atrás e quer aumentar os tributos sobre a desoneração da folha de pagamentos, dois meses após ter anunciado a medida. Essa brincadeira representará uma perda de 25 bilhões ao setor produtivo nacional.

Ao contrário do governo, empresas fazem planejamentos para saber se podem contratar ou investir em equipamentos ou novos produtos. Retirar dinheiro do capital produtivo, que já estava previsto pelo planejamento das empresas, tem consequências certas: desemprego e retração. E os números do desemprego já começam a surgir: 1,2 milhão de pessoas devem ser demitidas em 2015. 84 mil postos de trabalho já fecharam somente no primeiro bimestre deste ano.

Dizem que essa política econômica adotada pelo governo é para cobrir um rombo fiscal que eles mesmos fizeram e reaquecer a economia. Se desemprego reaquece a economia, para mim é novidade. Se retração produtiva ajuda a cobrir déficit econômico, eu também desconheço. No meu entendimento, os resultados são bem diferentes e bem rápidos. Muitos já estão sendo percebidos, como demonstrado.

Alavancar a economia de um país é o mesmo que alavancar a economia de uma empresa. É preciso cortar na carne, coisa que eu não tenho visto. É preciso dar segurança a investidores, atrair capital, gerar confiança no mercado. Estamos fazendo tudo ao contrário!

O PIB do ano passado ficou estagnado com avanço (?) de 0,1%. Para este ano a previsão é de retração de 1,5%. Vamos conviver com juros altos, inflação disparada, crédito caro. Nos resta lutar para sobreviver a esse maremoto. O que nossa presidente chama de cenário transitório, “passageiro e conjuntural”, pode ser um cenário terminal para muitas empresas, afoitas por sobreviver e cumprir seu papel social: gerar empregos, fazer a economia girar e levar desenvolvimento e competitividade aos estados. Isso sim, cara presidente, alavanca a economia de um país.

 

(Sandro Mabel, presidente do Sindicato das Indústrias de Alimentação do Estado de Goiás – Siaeg)

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