Uma análise psiquiátrica da mente de Temer
Redação DM
Publicado em 17 de maio de 2016 às 02:29 | Atualizado há 9 anos
Vamos começar o artigo com uma análise dos vários erros do inicial governo Temer. Tão novo e já com tantos vícios…. Bem, o principal erro foi o de não considerar o que a sociedade brasileira realmente quer dele.
A mente de Temer e o gabinete de Temer são muito conservadores e não entenderam o clamor antiautoridade que emana das ruas, emana deste espírito dos tempos pós-modernos. A mente de Temer entendeu apenas uma parte do recado das ruas : não queremos a submersão do indivíduo na geléia geral do coletivismo comunista. Queremos o retorno do valor e do mérito do indivíduo, queremos um “mínimo Eu”.
A guinada para direita de Temer foi uma guinada para a velha direita e não para a nova direita. Esta última quer o “valor do indivíduo” e não propriamente o “valor da autoridade”. Temer e sua entourage não tiveram a finesse psicológica para entender esses nuances. Os erros já são inúmeros, mas vamos nos ater apenas à composição de seus ministros (que já vem sendo atacados, entre outras coisas, por serem “homens”, serem “brancos”, serem “políticos”, serem “elites”). 1/ na organização do ministério, Temer deu mais valor à velhacaria política do que às “pessoas normais” da sociedade civil e técnica (“eu não quis fazer um ministério de notáveis”). 2/ Deu valor a uma trupe de políticos “velhacos de Congresso”, retornando ao fisiologismo e pseudo-representação democrática abominados pelas ruas. 3/ mostrou-se preocupado apenas com a “governabilidade via partidos do Congresso”, esquecendo-se da “governabilidade das ruas”. 4/ Seu ministério, assim como o “velho Congresso dos políticos”, parece não entenderem patavina do grande clamor da sociedade civil : “vamos diminuir os poderes do Estado, abrir o Estado à nossa participação”.
É, portanto, um governo que continua com a velha prática do “todo poder ao Estado”, o Estado dos gabinetes, o Estado dos conchavos, o Estado de portas fechadas. Não entenderam bulhufas de que o único modo, hoje, de um estadista manter-se no poder é exatamente diminuir o tamanho de seu poder. É preciso ser muito altruísta, ou muito profundo, para entender isso: o que os governantes querem, sempre, é “mais poder”. Quanto a isso, à diminuição real do poder do Estado, não há uma linha nos discursos ou na mente de Temer, uma mente forjada no conservadorismo das leis e das liturgias dos cargos em Brasília.
Provavelmente não vai dar certo, como se vê, os ataques já começaram. Simplesmente trocaram mega-Estado de esquerda por um mega-Estado de direita.
Esquerda ou direita, ainda não caíram a ficha de que o problema está no “Mega-Estado”, mais do que propriamente na esquerda ou na direita em si.
(Marcelo Caixeta, médico psiquiatra)