Chega do jeitinho brasileiro!
Diário da Manhã
Publicado em 10 de maio de 2016 às 21:31 | Atualizado há 9 anos
Aquela frase antológica dita pelo ex-presidente Lula: “Nunca antes na história deste país…”, nunca foi tão atual como agora.
E pegando carona nessa frase de Lula, toma a liberdade de fazer algumas despretensiosas considerações acerca do momento político-criminal em que o país atravessa.
Nunca antes na história deste país vi tantas personalidades do mundo político nacional envolvidas em tantos golpes de corrupção. Até parece uma disputa acirrada para garantir registro no Guinness – o famoso livro dos recordes.
Tais personalidades, de uma hora para outra, passaram a ser frequentadores assíduos das cadeias da Polícia Federal, pois precisam explicar, entre outras coisas, o aumento considerável em seus patrimônios em tão pouco tempo.
Lá pras bandas da Petrobras, até então, o maior patrimônio do povo brasileiro, as coisas andam, assim, como diria, afrodescendente (para não ser acusado de racismo).
E o engraçado é que todos os envolvidos na corrupção que se instalou na Petrobrás, ao serem chamados para depor, principalmente, em alguma comissão do Congresso nacional, aparecem como pessoas impolutas, com estampa lustrada, como se tivesse usado óleo de peroba na venta!
É público e notório que a roubalheira não vem de agora. Falta abrir, por exemplo, a caixa-preta do BNDES e outros órgãos governamentais estratégicos para o país. São órgãos que, grosso modo, seus dirigentes são políticos ou foram indicados por critérios políticos. E há até disputas acirradas, nos bastidores, para a ocupação desses cargos, tal qual urubu faminto em cima da carniça.
Constata-se, infelizmente, que a corrupção está entranhada na cultura brasileira. Ela se tornou tão presente no nosso dia a dia, que muitas vezes a praticamos sem perceber.
O tal do jeitinho brasileiro é a corrupção institualizada mais frequente que existe entre nós. Somos corruptos quando furamos o sinal vermelho no trânsito; quando levamos o troco errado e não devolvemos. Somos corruptos quando votamos num político em troca de algum favor. Somos corruptos todas as vezes que fazemos algo para nos darmos bem, sem nos preocuparmos se isso vai prejudicar alguém.
Então, precisamos urgentemente mudar esse tipo de “cultura” danosa. Mas se por um lado é muito difícil incutir nos adultos o verdadeiro conceito de ética, cidadania e outras virtudes, vamos trabalhar com as crianças, ensina-las de forma adequada, para que no futuro elas se transforme em verdadeiros cidadãos e cidadãs, consciente de seus direitos e deveres para com esta pátria chamada Brasil.
Apesar dos pesares, sou um otimista. Acredito em mudanças para um país melhor. Para isso, procuro fazer a minha parte. Sinto uma aurora de esperanças pairando sobre todos nós. Não dizem que Deus é brasileiro? Pois bem: continuo com minha fé inabalável no Criador do Universo. E que Ele nos dê forças para continuarmos lutado por um Brasil honesto, solidário e fraterno. Eu ainda acredito que isso é possível.
(Zacarias Martins, jornalista e escritor, autor de vários livros e membro da Academia Tocantinense de Letras. E-mail: zacamar[email protected])