Cotidiano

Veterano de guerra e namorada vietnamita se reencontram depois de quase 50 anos

Redação DM

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 10:28 | Atualizado há 4 meses

 

Depois de uma busca de uma década, o americano Jim Reischl, de 68 anos, encontrou a namorada vietnamita, Nguyen Thi Hanh, de quem teve que se afastar há 46 anos por ter que retornar aos Estados Unidos. Ele é um dos muitos ex-militares que voltaram ao Vietnã em busca de filhos nunca vistos e namoradas que foram deixadas, sendo também um dos poucos que tiveram sorte na procura.

Depois do reencontro, o ex-militar fala que já havia feito buscas por sua namorada, mas que não havia tido sucesso antes. “Nem sei como me sinto. Depois de tantos anos, de viajar para o Vietnã cinco vezes sem ter resultados, já não esperava nada. Foi muito emocionante”, contou o homem à Agência Efe depois do reencontro na aldeia de My Luong, na região sul do país.

Ele chegou a Ho Chi Minh no último dia 7 depois de uma longa saga, e no dia seguinte, saiu para percorrer 200 km de ônibus com a companhia de um intérprete vietnamita e outros dois veteranos, conseguindo então, rever sua namorada.
Em um hotel da cidade, assim que se viram, Reischl e Nguyen, de 64 anos deram um abraço entre lágrimas e sorrisos. “Estou muito feliz por estar aqui”, disse ele. As lembranças do namoro de anos atrás vieram através das velhas fotos.
“A mesma voz, os mesmos olhos, os mesmos gestos, a mesma forma de andar. Te escrevi uma carta quando cheguei aos Estados Unidos e nunca tive resposta. Agora sei que não chegou”, lembrou ele, emocionado.

Ambos tiveram uma vida depois do adeus complicado, se casaram e tiveram uma família separadamente. Reischl, de Minesotta, de vez em quando ainda se pegava recordando dos tempos de Força Aérea e da antiga namorada.

Depois de se divorciar, há dez anos, ele resolveu começar as buscas pela internet, que o levaram em 2012, outra vez ao Vietnã em sua primeira tentativa. Ele só tinha como informação o sobrenome dela e algumas fotos que usou em anúncios nos jornais locais, sem conseguir resultados. “Continuei vindo ao Vietnã porque descobri que gosto muito daqui e porque fujo do frio de Minnesotta. Continuei fazendo algumas buscas, mas começava a acreditar que seria impossível”, contou.
Nguyen leu a reportagem do jornal vietnamita “Thanh Nien” em setembro do ano passado em que Reischl contava sua história. Ela ficou emocionada, mas ainda precisou de dez dias para pensar na situação e então entrar em contato com o jornalista responsável por escrever o texto. “No começo, eu fiquei chateada. Ele foi embora sem se despedir e me deixou sozinha. Quebrou o meu coração. Mas repensei e percebi o esforço que estava fazendo para me achar”, contou ela.

Ela ainda revelou algo que Reischl suspeitava: ela estava grávida quando ele partiu. “Sei que não agi da melhor maneira, mas não tinha certeza da gravidez. Ela queria que eu ficasse no Vietnã, mas meus superiores me alertaram que as mulheres vietnamitas fingiam gravidez. Me assustei”, disse.
O filho do casal nasceu em dezembro de 1970, uma menina que a mãe nunca mais viu. “Uma amiga a levou para casa para cuidar, enquanto eu me recuperava no hospital. Quando fui buscá-la, ela tinha fugido com o meu bebê. Nunca mais a vi. Não sei nem se está no Vietnã ou em outro país”, lamentou a mulher.

Agora, Reischl quer ficar em Ho Chi Minh até maio e visitar Nguyen e sua família e encontrar sua filha. “Talvez esteja nos Estados Unidos. Talvez em outro país. Quem sabe conseguimos localizar com exames de DNA. Não tenho muita esperança, mas também não tinha de encontrar Nguyen”, contou.

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