Ministério Público denuncia dono da JBS e Banco Rural por crime financeiro
Redação DM
Publicado em 27 de janeiro de 2016 às 03:26 | Atualizado há 9 anos
Nove suspeitos que atuam junto ao Banco Rural e ao grupo J&F (responsável pelo controle da empresa goiana JBS) foram denunciados pela prática de crime contra o Sistema Financeiro Nacional.
Joesley Mendonça Batista, irmão de Júnior Friboi, é um dos denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF).
A principal acusação do MPF diz respeito ao fato dos réus terem realizado empréstimos supostamente ilegais entre si no mesmo valor.
A artimanha é batizada de “troca de chumbo” e a função dela é favorecer os empresários, pois os bancos emprestaram recursos para suas sociedades controladas de forma trocada.
Não é a primeira investigação contra o grupo JBS. O Ministério Público de Goiás investiga se um suposto perdão concedido pelo governador Marconi Perillo em dezembro de 2014 não teria amenizado uma dívida fiscal bilionária da JBS contra o Governo de Goiás.
A “Lei Friboi”, como foi batizada, chegou a ser denunciada por suposta troca de favores em período eleitoral, durante a disputa ao governo de 2014, mas até agora o Ministério Público não ofereceu qualquer denúncia por crime de responsabilidade em Goiás.
Existem ainda suspeitas de que o BNDES teria repassado valores de empréstimo incompatíveis com a capacidade de pagamento do JBS, fato que lesou o país em milhares de reais.
O Tribunal de Contas da União (TCU) suspeita que o BNDES possa ter perdido até R$ 848 milhões entre 2006 e 2014, com empréstimos.
CHUMBO TROCADO
No caso denunciado pelo MPF de São Paulo, João Heraldo dos Santos Lima, do Banco Rural, também foi denunciado pelo crime.
Conforme o Ministério Público, a ação do Banco Rural e do grupo J&F vai contra as leis 4.595/64 e 7.492/86.
Estas normas criminalizam a concessão de empréstimos de uma entidade financeira às suas sociedades controladoras.
O MPF explica que em dezembro de 2011, a J&F, dona da JBS, e a empresa Trapézio (Banco Rural) foram beneficiados com empréstimos de R$ 80 milhões.
Os recursos foram direto para bancos ligados a cada uma das sociedades comerciais, só que de forma cruzada.
Conforme os procuradores, as operações foram simuladas, o que poderia ser constatado com as datas e modus operandi de cada banco.
Em nota, a J&F diz que “os denunciados sentem-se confiantes e preparados para, quando intimados, apresentar defesa provando sua inocência e a regularidade das operações financeiras”.