Brasil

Depredação sociocultural

Redação DM

Publicado em 9 de março de 2016 às 00:43 | Atualizado há 9 anos

Interessante a análise observacional feita a partir do movimento artístico e cultural dos dias de hoje. De fato, as vertentes de entretenimento provindas dos meios de comunicação dominantes aparentam possuir gênese qualificada numa perspectiva norteadora em agradar generosa parcela popular que não impõe uma postura concernente à criticidade e muito menos se incomoda em relação à ascensão cada vez mais crescente de uma programação de péssima qualidade.
É preciso, antes de tudo, ponderar a investigação, no sentido de que há quase uma totalidade desprovida de exatidão, é claro, mas com reflexo nítido, que diz respeito à exposição vulgarizada e explícita de uma grade de programas que satisfaz um público-alvo que se torna refém e ao passo que coopera com a audiência se torna colaborador e mantedor desse sistema organizado propositalmente.
Dessa forma, a estruturação sistemática se volta para a manutenção desse modelo. E a situação de constatação é bastante abrangente, pois tal condicionamento atinge as mídias num sentido abundante, as comunicações de um modo geral. Em tempos de internet e de comunicação veloz, essa modelação programática tangencia referencialmente os pontos de alicerce, e ultrapassa oportunamente, limites de alcance outrora inimagináveis.
Percorrendo os caminhos da comunicação num embasamento analítico, é indispensável fazer referência aos pensadores do século passado que tão bem souberam desenvolver uma teoria consistente e, sobretudo lançar críticas para a sociedade do momento e felizmente para o futuro, momento em que a situação precisaria cada vez mais de reforço preponderante e sistêmico. Os filósofos Adorno e Horkheimer expuseram formulações justamente que tratam da “indústria cultural”, termo usado pelos autores na célebre obra Dialética do Esclarecimento, e conceituaram também comunicação de massa, numa forma de apontar a manipulação e indução da massa, ou seja, da população aos interesses dominadores.
Graças a essa evidenciação, a sociologia da comunicação, ganhou um embalo consistente e munido de criticidade. Com efeito, os assuntos tratados aqui se entrelaçam e dialogam entre si, uma vez que, o envolvimento entre os enquadramentos comunicativos são dependentes e passivos de instâncias superiores. Além disso, na atualidade está cada vez mais perceptível a vulgarização e banalização da moral e da ética nos veículos midiáticos.
Daí porque, se faz necessária uma leitura persistente desses quadros teóricos, provindos de investigações sérias e já expostas num contexto semelhante como o de agora. Em suma: o trabalho de conscientização é lento, gradual e difícil, porém sem a explicitação dessas questões, não se pode vislumbrar sequer a luz no fim do túnel, isto é, a esperança de espectadores exigentes e não satisfeitos com tantas imposições que alienam e não forma pessoas críticas nem reflexivas.

(Felipe Augusto Ferreira Feijão é estudante de Filosofia da Faculdade Católica de Fortaleza – FCF)

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