Vila Boa vence guerra contra o Aedes aegypti
Redação DM
Publicado em 3 de março de 2016 às 22:38 | Atualizado há 9 anosA infestação do Aedes aegypti fez a Organização Mundial da Saúde (OMC) declarar emergência global por conta da epidemia do Zika vírus. No Brasil, o mosquito tem causado pânico na sociedade e passou a ser tratado pelo Governo Federal como inimigo número um do País.
Afinal, só no ano passado, foram mais de 1,5 milhão de notificações de dengue registradas pelo Ministério da Saúde (ver quadro). Já em Vila Boa, 365 quilômetros a Nordeste de Goiânia, o inseto há dois anos desapareceu do mapa.
Em decorrência de permanente e eficaz trabalho da Prefeitura do município de erradicar os criadouros do mosquito, desde 2004 nenhum caso de dengue, febre de chicungunha ou de Zika vírus foi registrado na cidade de seis mil habitantes localizada no Entorno do Distrito Federal. Para vencer a guerra que o Ministério da Saúde vem perdendo nas últimas duas décadas, o prefeito Hélio Raimundo construiu barreira epidemiológica que envolve o governo e a sociedade vilaboenses em um dos mais exemplares trabalhos de saneamento urbano do Brasil.
Tanto é verdade que recebeu da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás “Carta Verde”, documento que consagra o reconhecimento pelo “baixo risco para a epidemia da dengue”. Nem sempre Vila Boa esteve em segurança com relação à dengue e outras patologias transmitidas pelo Aedes aegypti. Em 2013, no primeiro ano do mandato do atual prefeito, a situação era de crise epidemiológica e demandava medidas emergenciais e definitivas.
A primeira providência foi promover completa limpeza dos lotes urbanos. Para tanto foram removidos mais de três mil caçambas de entulhos e outros rejeitos. Tendo em vista o fato de a cidade estar assentada em uma depressão, outros seis mil containers de cascalho foram doados para o aterramento de quintais e áreas com potencial risco de criação do foco do inseto.
As medidas têm sido executadas com a participação de todas as secretarias do município e contemplam a integração da comunidade, especialmente com a efetiva colaboração da rede de ensino local, além de contar com o apoio do Ministério Público.
Todos contra o mosquito
O trabalho de monitoramento e limpeza do espaço urbano segue planejamento estratégico, conforme explica o prefeito de Vila Boa: “As atividades de identificação e eliminação dos focos do Aedes aegypti são diárias e permanentes. Uma vez por mês fazemos grande mutirão de combate ao mosquito, cujos resultados altamente positivos devem ser creditados ao esforço conjunto da Prefeitura com nossa comunidade”, comenta Hélio Raimundo. Tanto é verdade que todos os servidores da prefeitura doam um dia de trabalho para participar das ações anti-mosquito.
De fato, o envolvimento da população de Vila Voa é diferencial importante e só foi alcançado devido à sociedade local ter pleno reconhecimento do compromisso real de todas as autoridades locais em vencer a guerra contra a dengue, a exemplo do vice-prefeito Rubens Francisco Lopes e de todos os vereadores da Câmara Municipal, das lideranças comunitárias e das instituições religiosas.
Sacrifício financeiro
Para alcançar o objetivo de erradicar o Aedes aegypti de Vila Boa, o prefeito Hélio Raimundo teve de fazer enorme sacrifício financeiro, que começou com o corte de gastos da administração municipal, inclusive com a diminuição do seu próprio salário e dos secretários, a redução do número de comissionados e de gratificações.
Por outro lado, o número de servidores dedicados ao setor de limpeza foi aumentado para que houvesse resultados imediatos. “Então, fazemos enorme esforço de caixa para manter as ações de combate ao mosquito, sem, contudo, prejudicar outros setores, como o pagamento em dia da folha de salários”, explica o prefeito.
Os ganhos do combate ao Aedes aegypti são contabilizados em duas frentes: em primeiro lugar, na melhoria da qualidade de vida da população, uma vez que a dengue pode, inclusive, causar o óbito do paciente. Só ano passado foram registrados no Brasil 863 mortes provocadas pela patologia, enquanto o Brasil não sabe o que fazer para controlar epidemia de Zika vírus, causador de microcefalia em bebês em fase de gestação.
Por outro lado, ao eliminar os focos do inseto, ou seja, investir na prevenção, a Prefeitura reduz os dispêndios de caixa em atendimento ambulatorial nos postos de saúde e de internação hospitalar, o que segundo o prefeito Hélio Raimundo, “confirma a assertiva de que o investimento em saneamento implica em redução do custo do sistema de saúde e permite mais qualidade do gasto público em geral.”