O que Cid exigiu em troca da cabeça de Bolsonaro na delação premiada?
Redação DM
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 17:31 | Atualizado há 2 mesesO tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, firmou um acordo de delação premiada com a Polícia Federal, no qual forneceu informações estratégicas sobre supostas articulações golpistas. O sigilo do acordo foi retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornando públicos os detalhes das exigências feitas por Cid em troca de sua colaboração.
Dentre os principais benefícios solicitados, estavam a redução da pena máxima para dois anos, a restituição de bens e valores apreendidos, além da garantia de proteção para seus familiares. As informações fornecidas por Cid são consideradas peças-chave nas investigações que envolvem Bolsonaro e seus aliados, especialmente no contexto de uma possível tentativa de golpe de Estado.
Pena reduzida e devolução de bens
Entre os pedidos de Cid, o mais relevante foi a limitação da pena máxima de prisão a dois anos. Esse benefício, comum em delações premiadas, permitiria que ele evitasse uma condenação mais severa, podendo, em caso de condenação, cumprir a pena em regime mais brando, como prisão domiciliar ou prestação de serviços à comunidade.
Além disso, Cid solicitou a devolução de bens e valores apreendidos durante as investigações. Esse pedido tem sido analisado com cautela pela Justiça, pois parte dos bens pode estar vinculada às provas dos crimes investigados. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acompanha de perto as condições estabelecidas para essa restituição.
Proteção para a família
Outro ponto essencial do acordo foi a solicitação de proteção para sua esposa, seu pai e sua filha mais velha. Esse pedido reflete uma preocupação crescente com ameaças e represálias que delatores podem sofrer ao expor informações comprometedoras sobre figuras políticas e militares influentes.
A inclusão de familiares em programas de proteção é uma medida excepcional, geralmente concedida em casos que envolvem organizações criminosas, corrupção sistêmica e riscos diretos à integridade do colaborador e de seus parentes. No caso de Cid, a Polícia Federal teria considerado o pedido viável diante da relevância de sua colaboração.
Compromisso com a investigação
Em troca dos benefícios, Cid se comprometeu a:
- Fornecer provas documentais e depoimentos detalhados sobre os crimes que praticou ou teve conhecimento;
- Esclarecer o envolvimento de terceiros nas ações ilícitas investigadas, incluindo militares e políticos de alto escalão;
- Colaborar de forma contínua com as investigações da Polícia Federal e do STF, conforme solicitado pelas autoridades;
- Não praticar novos crimes, sob pena de perder todos os benefícios acordados.
- A colaboração de Cid já forneceu evidências substanciais para os inquéritos em andamento, incluindo trocas de mensagens, áudios e documentos internos do governo que indicam possíveis irregularidades.
STF retirou sigilo do acordo
O ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo caso no STF, determinou a retirada do sigilo do acordo de delação, tornando públicos os detalhes das negociações e os depoimentos prestados por Cid. A decisão seguiu o entendimento de que a transparência é essencial diante da gravidade das acusações.
A delação de Cid se tornou um ponto central nas investigações sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado e outros crimes atribuídos ao governo Bolsonaro. O avanço das investigações pode resultar em novas denúncias em desfavor dos envolvidos.
Com as informações reveladas, a PGR e a Polícia Federal devem aprofundar as diligências para verificar a veracidade dos depoimentos e a validade das provas apresentadas, antes de encaminhar novas denúncias ao STF.
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