Celsinho da Vila Vintém, fundador da facção ADA, é preso no Rio
DM Redação
Publicado em 8 de maio de 2025 às 21:30 | Atualizado há 22 horas
A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu nesta quinta-feira (8) Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, fundador da facção ADA (Amigos dos Amigos).
O traficante foi capturado na comunidade da Vila Vintém, em Padre Miguel, na zona oeste, durante uma operação para conter o avanço territorial do CV (Comando Vermelho) na região.
Segundo as investigações, Celsinho, que rompeu com o CV no passado, voltou a se aliar à facção rival da ADA e do TCP (Terceiro Comando Puro) para tentar retomar comunidades de Santa Cruz atualmente sob influência de milícias.
O objetivo da Operação Contenção, segundo a Polícia Civil, é desarticular a estrutura financeira, logística e operacional do CV na zona oeste do Rio. Já foi solicitado o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões em bens e valores ligados à organização criminosa.
A ação foi conduzida por agentes da 32ª DP (Taquara), da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas e da Subsecretaria de Inteligência.
Condenado por tráfico de drogas, roubo e organização criminosa, Celsinho foi preso pela primeira vez em 1990. Em 1996, voltou a ser detido, mas fugiu dois anos depois do Hospital Penitenciário Fábio Macedo Soares, vestido de policial militar. Foi recapturado em 2002, quando era considerado o criminoso mais procurado do estado.
Boa parte dos seus 20 anos de prisão foi cumprida no presídio federal de Porto Velho, em Rondônia. Em 2017, ele foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio, onde permaneceu até 2022.
Naquele ano, foi solto após decisão da desembargadora Suimei Cavalieri, da 3ª Câmara Criminal do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), que concedeu habeas corpus à defesa. A Vara de Execuções Penais entendeu que não havia mais fundamento legal para mantê-lo preso.
Celsinho tem 52 anotações criminais e, mesmo na cadeia, permaneceu como figura central no tabuleiro do crime no Rio. Seu nome reapareceu em 2022, quando foi citado na operação que levou à prisão o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Allan Turnowski.
Segundo o Ministério Público, o delegado Maurício Demétrio, ligado ao jogo do bicho e também alvo da operação, teria negociado a transferência de Celsinho para uma penitenciária de segurança máxima para beneficiar um bicheiro com atuação na zona oeste área de influência de Celsinho.
O traficante também foi citado em um inquérito sobre a invasão da Rocinha, em 2017, com suposta ajuda do então titular da 11ª DP, delegado Antônio Ricardo Nunes. A defesa de Celsinho alegou que não havia elementos que o ligassem ao caso.
Em 2002, sobreviveu a uma rebelião no presídio de Bangu, quando Fernandinho Beira-Mar, chefe do Comando Vermelho, atravessou oito portões e matou quatro rivais, incluindo Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, ex-integrante do CV que havia migrado para a ADA. Na ocasião, Celsinho afirmou ter sido salvo por causa da amizade entre as famílias, estabelecida no setor de visitas do presídio.