Moradores da favela do Moinho voltam a bloquear linha da CPTM, e PM usa bombas de efeito moral
DM Redação
Publicado em 13 de maio de 2025 às 20:50 | Atualizado há 12 horas
A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional de Urbano do Estado de São Paulo) retomou, nesta terça-feira (13), a demolição de casas dentro da favela do Moinho, no centro da capital paulista, sob novo protesto de moradores.
Por volta das 11h50, após manifestantes bloquearem uma linha da CPTM com entulho, policiais entraram na favela com escudos e cassetetes e jogaram bombas de efeito moral.
Eles desobstruíram a linha e seguem dentro da favela. Pelo menos um morador foi atingido por uma bala de borracha na perna.
Cerca de uma hora depois, os moradores voltaram a obstruir a linha da CPTM, ateando fogo em entulhos. Os bombeiros atuam para apagar as chamas. Por voltas das 13h, a CDHU já havia deixado a favela e logo depois as chamas foram apagadas e a circulação dos trens foi retomada.
A primeira demolição, de uma casa de alvenaria, começou por volta das 11h, com escolta do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia).
Fora do cordão de isolamento formado por policiais, os moradores protestavam e exigiam os documentos de autorização das demolições, que não foram apresentados.
As mudanças de moradores continuaram sendo feitas. Foram três na manhã desta terça.
A prefeitura também retirou um caminhão de entulho, que foi usado, nesta segunda-feira (12), para bloquear linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) durante protesto de moradores contra o início das demolições.
Na manhã de segunda, Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana tentaram escoltar um trator para dentro da favela. A ação gerou protestos de moradores. O equipamento acabou ficando de fora, e o trabalho se restringiu à demolição manual, com martelos, pés de cabra e uma marreta, além do uso de madeiras das próprias construções.
Por volta das 15h, um grupo de moradores da favela expulsou os funcionários da CDHU que faziam a demolição dos barracos. Até aquele momento haviam sido destruídos seis barracos com a maior parte da edificação em madeira.
A manifestação aumentou e os moradores chegaram a bloquear os trilhos da linha 7-rubi da CPTM por volta das 16h10, interrompendo o tráfego de trens no local. A paralisação durou de pouco mais de uma hora.
Alvo de um processo de reassentamento do estado, o local já teve mais de cem famílias retiradas nas últimas semanas.
A ideia da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) é descaracterizar os imóveis de forma a impedir que eles sejam reocupados.
Representante legal da associação de moradores do Moinho, o Escritório Modelo da PUC-SP admite que tentativas pontuais de acesso aos imóveis ocorreram, mas diz que as casas não foram reocupadas.
Além disso, o escritório enviou um documento à CDHU questionando o uso do trator, que, segundo o escritório, deixou os moradores temerários de que demolições poderiam provocar desmoronamentos em imóveis ainda ocupados.
A comunidade fica em um terreno que pertence à União, entre duas linhas de trens metropolitanos, e a gestão estadual alega que o local não reúne condições adequadas para que as pessoas morem.