Tarcísio lança contraponto a Lula com tietagem, religião e primeira-dama em destaque
DM Online
Publicado em 20 de maio de 2025 às 22:50 | Atualizado há 17 horas
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) lotou o Palácio dos Bandeirantes de prefeitos, abriu espaço para um discurso da primeira-dama, Cristiane, e destacou a fé como segredo do sucesso ao lançar, na manhã desta terça-feira (20), seu programa de erradicação da pobreza, Super Ação SP, que deverá ser um contraponto ao Bolsa Família e às políticas assistenciais do governo Lula (PT).
Segundo informações do cerimonial do governo paulista, 210 prefeitos -cerca de um terço do total de mandatários municipais do estado- estiveram presentes na cerimônia, que provocou congestionamento nas vias do Morumbi, bairro da zona oeste que abriga a sede do governo.
O programa pretende romper com o ciclo de pobreza de 35 mil famílias em dois anos. O programa pretende atingir inicialmente 1% de seu público alvo, que são as famílias do estado registradas no CadÚnico -universo de 3,2 milhões de famílias, sendo 2,5 milhões delas beneficiárias do Bolsa Família.
O auditório Ulysses Guimarães, dentro do palácio e com capacidade para mil pessoas, estava lotado quando Tarcísio chegou para o evento, por volta das 10h30. A apresentação se atrasou em mais de meia hora devido à disposição do governador em tirar fotos com os prefeitos convidados, suas delegações e as primeiras-damas. Tarcísio sorriu e atendeu a todos.
Ao término do evento, o cerimonial ainda organizou filas de parlamentares, prefeitos e primeiras-damas para cumprimentar e fazer mais fotos com o governador. Durante seu discurso, Tarcísio adotou um tom evangélico e enfatizou a “fé” e a “crença” como ingredientes necessários para o sucesso.
“Tudo nasce na crença, tudo nasce na atitude. E, se a gente quer superar a pobreza, se quer fazer esse programa ser um sucesso, se a gente quer fazer esse programa ser uma referência. A gente vai construir. Nós vamos construir o melhor programa social do Brasil.”
O governador também usou termos bíblicos para se referir ao programa. “A gente está falando de legado, a gente está falando de galardão perante Deus, porque a melhor maneira de servir ao Senhor é fazer a diferença, é proporcionar emancipação”, disse.
“Galardão” é um termo presente na Bíblia que remete à recompensa espiritual.
Ao falar com jornalistas, instantes após a apresentação, o governador foi questionado sobre a relação de sua proposta com o Bolsa Família e fez críticas à bandeira petista. “Entendo que esses programas são muito importantes, no entanto, não são suficientes. O que a gente quer, no final das contas, é garantir que, de fato, haja prosperidade.”
Ele disse que o Super Ação SP “é, sim, muito importante para nós”, mas negou que a proposta tenha caráter eleitoral. “Não estou olhando isso, isso não passa pela cabeça quando se faz um programa desse. O que passa na cabeça é: ‘Vamos fazer a diferença, vamos resolver a vida das pessoas’.”
Durante a apresentação, no auditório, além da secretária de Desenvolvimento Social, Andrezza Rosalém -cuja pasta é responsável pela ação- e do presidente da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), André do Prado (PL), que terá de aprovar um projeto de lei autorizando recursos para o programa, a primeira-dama Cristiane Freitas fez uma fala de cinco minutos, em que apresentou tecnicamente o programa “Caminho para Capacitação”.
Trata-se da organização de 30 caravanas para oferecimento de cursos de capacitação profissional à população carente do estado, com aulas de formação para cabeleireiros, cozinheiros e outros ofícios.
“O pilar central de uma política de superação bem-sucedida é a garantia do direito ao trabalho, que gera um processo de inclusão e de aumento do poder aquisitivo”, disse.
A fala técnica colocou a primeira-dama em uma posição que contrasta com a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, que na semana passada foi criticada por aliados do presidente Lula por se manifestar durante um jantar com o presidente da China, Xi Jinping -críticas que resultaram em uma defesa pública de Lula a sua mulher.
O programa do governador, já detalhado pela Folha de S.Paulo, depende de aprovação dos deputados estaduais, pois prevê um incremento de até R$ 500 milhões no orçamento da assistência social paulista.
O projeto dará complemento de renda às famílias mais carentes do estado e promete a oferta de diferentes serviços adicionais de assistência social, a depender da necessidade das famílias. Há previsão de um complemento aos valores pagos pelo Bolsa Família, além de bolsas específicas, que devem resultar em repasses de até R$ 10,4 mil por família ao longo de dois anos.
O governo afirma que os pagamentos terão início entre o segundo semestre deste ano e o primeiro semestre do ano que vem, e irão perpassar o período eleitoral, refutando a ideia de que os repasses vão coincidir com as eleições.