Major boliviano é preso por suspeita de acobertar Tuta, líder do PCC, no país vizinho
DM Online
Publicado em 23 de maio de 2025 às 21:30 | Atualizado há 15 horas
Um major da polícia boliviana, chefe de um grupo de inteligência em Santa Cruz de la Sierra, foi preso nesta quarta-feira (22), acusado de oferecer proteção na Bolívia ao traficante brasileiro Marcos Roberto Almeida, conhecido como “Tuta”, um dos líderes do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ele, que atuava na Felcv (Força Especial de Combate à Violência), foi detido por ordem da Procuradoria Anticorrupção e levado para prestar depoimento em um local especializado na luta contra a corrupção.
A Felcv é um órgão especializado da polícia boliviana responsável pela prevenção, assistência, investigação, identificação e apreensão de suspeitos de cometer atos de violência.
A investigação, segundo relatórios divulgados pela imprensa do país andino, indica que Tuta foi visto no dia 16 de maio no escritório do Serviço Geral de Identificação Pessoal, onde tentava autenticar documentos falsos.
As autoridades afirmam que ele estava acompanhado de dois homens que atuariam como seus guarda-costas –um deles seria o major, que lhe passava orientações pouco antes que o líder do PCC fosse preso. Imagens dos circuitos internos de segurança do órgão boliviano encarregado de emitir documentos mostram ambos conversando.
Após Tuta ser preso por usar documentos falsos, o major foi detido pelo Departamento Especializado de Luta Contra a Corrupção e também está sendo investigado pelo tribunal disciplinar da Polícia em La Paz.
O policial é investigado por supostos crimes de uso indevido de influência, bens e serviços públicos e por supostamente ter colaborado com Tuta, disse o promotor da região boliviana de Santa Cruz, Alberto Zeballos Flores, segundo nota do Ministério Público.
Zeballos Flores disse que a polícia cumpriu o mandado de prisão contra o major, realizada em uma operação conjunta da Delegacia Especializada de Repressão a Crimes de Corrupção do Ministério Público e da polícia, no âmbito da investigação dos crimes de abuso de influência, de abuso de patrimônio e de serviço público.
Segundo o Ministério Público boliviano, o caso já tem um promotor designado.
De acordo com a imprensa local, ele prestou depoimento à Promotoria nesta sexta-feira (23). Em um primeiro momento, se manteve em silêncio, mas depois de conversar em particular com seu advogado, optou por fazer uma declaração. A defesa do major não foi localizada pela reportagem.
Em paralelo às investigações do Ministério Público, a polícia boliviana pode decretar a aposentadoria compulsória dele ou a sua demissão.
Tuta foi entregue às autoridades brasileiras após sua prisão, pois ele estava na lista da Interpol. O narcotraficante foi enviado para a Penitenciária Federal de Brasília, onde outros líderes do PCC também estão detidos.
Marcos Roberto de Almeida era responsável pela logística do tráfico de drogas. Foi condenado a mais de 12 anos de prisão por associação criminosa e lavagem de dinheiro, com cerca de R$ 1,2 bilhão lavados entre 2018 e 2019.