Transplante: Como Funciona o Procedimento Estético
DM Online
Publicado em 4 de junho de 2025 às 16:10 | Atualizado há 2 dias
Com pente e tesoura em mãos, influenciadoras detalham nas redes como é o processo quase semanal de aparar sobrancelhas transplantadas. O conteúdo gera curiosidade e ganha adeptos. No último mês, a atriz Deborah Secco também declarou ter realizado o procedimento.
A técnica preenche, dá volume às sobrancelhas e, há alguns anos, costumava ser ofertada para pacientes com cicatrizes, como as decorrentes de queimaduras, acidentes, cânceres ou características congênitas que impediam o crescimento de pelos na região.
O procedimento é feito de forma semelhante ao transplante de cabelo, com uma cirurgia, mas o processo é mais rápido e leva, em média, de 4 a 5 horas.
O primeiro passo consiste na retirada dos folículos capilares, seguido pela separação e implantação dos pelos na nova região. Os fios, geralmente, são retirados da parte inferior da cabeça, próximos à nuca.
A escolha de onde serão retirados os pelos é estratégica: a região da cabeça próxima ao pescoço é pouco visível e os fios da nuca possuem um diâmetro semelhante aos fios das sobrancelhas.
“Não existe contraindicação para a utilização de folículos de outras regiões do corpo, mas temos uma experiência longa [com cabelo da nuca] e existe uma facilidade da técnica nessa região. É um cabelo com uma boa pega, raiz profunda e maior previsibilidade de brotamento”, explica Christine Graf Guimarães, médica dermatologista e especialista em transplantes de sobrancelhas.
Assim que transplantado, o fio permanece ali por, em média, 15 dias até cair. Depois do período, acontece o que os médicos chamam de “brotamento”, quando o novo fio começa a crescer de forma definitiva na região acima dos olhos.
Durante esse período, segundo Guimarães, é comum que os especialistas recomendem o uso de alguns medicamentos para que o fio transplantado se adapte à região, como o uso de minoxidil. “Também costumo indicar o uso de pomada modeladora durante esse período para assentar o novo pelo”, completa a médica.
Por conta das características específicas e singulares da área, em alguns casos os pacientes chegam a pedir auxílio de um profissional designer de sobrancelha para desenhar a região antes do transplante. “Isso é comum principalmente se o paciente não quer manter o formato original”, afirma Guimarães.
Uma parcela das pacientes que procuram o procedimento, segundo Guimarães, visam, inclusive, corrigir imperfeições decorrentes de micropigmentação. Nesses casos, ela diz que, antes do transplante, normalmente é realizada a remoção do pigmento com laser.
Dermatologista e cirurgiã-capilar, Leila Bloch afirma que durante a realização da cirurgia são necessários, aproximadamente, 300 fios para o transplante. Para termos de comparação, quando realizado na cabeça o transplante necessita de, em média, 3.000 unidades foliculares.
“O transplante de sobrancelha é muito mais desafiador do que o capilar porque tem toda a questão artística do design e angulação, já que a região é muito mais exposta”, diz Bloch.
A busca por sobrancelhas mais grossas e preenchidas pode estar relacionada a influências da moda e questões estéticas atuais, de acordo com a especialista. Em décadas anteriores, segundo ela, talvez a técnica não fosse tão procurada para fins estritamente estéticos justamente por conta de um interesse que antes era maior por sobrancelhas mais finas.
A dermatologista estima que todo o processo de cicatrização leva, em média, um ano até o resultado definitivo aparecer. Após cicatrizado, é comum que o novo pelo cresça até um centímetro por mês. “É importante que o paciente tenha ciência de que dará um trabalhinho a mais e eterno ali. Tem que cortar e moldar em uma manutenção quase que diária”, completa Bloch.
Após casos populares de realização do transplante de sobrancelhas, as especialistas apresentaram e discutiram o tema no 35º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, que aconteceu no fim de abril em Salvador.
As médicas alertam que a realização do transplante deve ser feita apenas por dermatologista, em centro cirúrgico e com a utilização de anestesia.
O procedimento não é recomendado para pacientes portadores de doenças autoimunes como a alopécia areata que causa queda de cabelo em regiões específicas do corpo, especialmente se a condição estiver ativa porque nesses caso pode haver a perda do fio implantado.
Pacientes portadores de alopécia frontal fibrosante perda irreversível dos fios próximos à testa e sobrancelhas também precisam estar atentos à estabilidade da condição para que o procedimento não evolua com complicações, segundo as especialistas.