Mudanças na terapia hormonal geram polêmica entre população trans
Redação DM
Publicado em 8 de junho de 2025 às 16:36 | Atualizado há 7 horas
A recente decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) de estabelecer uma nova idade mínima para a terapia hormonal cruzada provocou reações intensas entre a comunidade trans no Brasil. A resolução, que agora proíbe essa prática para menores de 18 anos, é vista como um retrocesso significativo nos direitos de saúde e bem-estar de crianças e adolescentes trans.
Impacto na saúde mental
Especialistas em saúde mental, como Beo Oliveira Leite, doutoranda em Saúde Coletiva, apontam que as mudanças podem aumentar a vulnerabilidade de jovens que não se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer. Segundo Beo, a adolescência é uma fase crucial para o desenvolvimento da identidade de gênero e o acesso a cuidados adequados deve ser garantido.
“Temos evidências que mostram que a falta de suporte pode levar a altos índices de depressão e tentativas de suicídio entre pessoas trans. É essencial que esses jovens tenham acesso a um acompanhamento médico adequado”, afirma Beo.
Críticas à nova norma
Bruna Benevides, presidenta da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), critica a decisão do CFM, chamando-a de uma forma de institucionalização da transfobia. Ela ressalta que a nova norma não só restringe o acesso à saúde, mas também ignora o direito à autonomia que é garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
“Essas mudanças não consideram o direito das crianças e adolescentes ao acesso a cuidados de saúde que respeitem suas identidades. O que estamos vendo é uma negação de um direito básico”, destaca Benevides.
A resolução do CFM, que também exige acompanhamento médico rigoroso para procedimentos de saúde relacionados à transição de gênero, foi aprovada em meio a uma série de críticas de profissionais de saúde e grupos de direitos humanos. Muitos argumentam que o foco deveria ser no bem-estar dos pacientes e não em restrições que podem agravar sua saúde mental.
Debate necessário
O debate sobre a melhor forma de atender as necessidades da população trans é mais urgente do que nunca. A falta de políticas públicas adequadas e a implementação de normas que dificultam o acesso a tratamentos essenciais levantam questões sobre os direitos de cidadania e a proteção de grupos minoritários no Brasil.
A sociedade civil e entidades de saúde estão se mobilizando para contestar a resolução do CFM, buscando garantir que as vozes de crianças e adolescentes trans sejam ouvidas e respeitadas. A pressão por uma revisão dessa norma reflete a crescente conscientização sobre a importância do respeito à diversidade e à saúde integral de todos os cidadãos.