Arte gestacional leva acolhimento, cor e emoção às gestantes do Hemu
Redação Diário da Manhã
Publicado em 19 de junho de 2025 às 09:34 | Atualizado há 9 horas
Como parte das ações do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica, residentes do Hospital Estadual da Mulher (Hemu) realizaram uma atividade de arte gestacional com gestantes internadas na unidade. A proposta integra os projetos de humanização da assistência obstétrica, promovendo um cuidado mais empático, sensível e voltado ao bem-estar da mulher.
Para realizar a arte, são utilizados estêncil gestacional, tinta para pele, pincel e glitter. Todo o material é financiado pelo próprio programa de residência. A técnica, também conhecida como “ultrassom natural”, já resultou em 124 artes gestacionais realizadas nas enfermarias e no setor de pré-parto, com o objetivo de humanizar a assistência.
A tutora do programa, Joanne de Paula Nascimento, explica que a arte gestacional vai além da pintura no ventre: “Ela permite que a gestante expresse seus sentimentos, medos e expectativas em relação à maternidade. É também uma forma de fortalecer o vínculo entre mãe e bebê, de materializar a presença do filho por meio da arte e de promover uma relação de cuidado mais acolhedora entre a gestante e a equipe de saúde”, disse.








Segundo a tutora, o uso de símbolos e cores escolhidos pelas próprias gestantes valoriza suas vivências culturais e torna o momento ainda mais significativo. “O uso de elementos artísticos no acompanhamento gestacional colabora para uma vivência mais positiva do parto, reduzindo o medo, a ansiedade e o estresse. Isso pode resultar em menor necessidade de intervenções e favorecer um parto mais fisiológico e respeitoso”, completou Joanne.
A iniciativa busca transformar a percepção tradicional do ambiente hospitalar, muitas vezes ligado a procedimentos e riscos. “A arte gestacional suaviza esse cenário e acolhe emocionalmente a mulher, favorecendo a liberação de endorfinas e ocitocina, neurotransmissores com efeitos naturais de alívio da dor e relaxamento”, destacou a tutora.
Assistência obstétrica
Joanne também reforçou que a humanização da assistência obstétrica vai além da redução de intervenções tecnológicas. “É a construção de relações mais humanas entre profissionais, gestantes e suas famílias. A arte gestacional funciona como uma tecnologia leve, que aproxima e resgata a subjetividade nas práticas de cuidado”, afirmou.
A experiência tem rendido momentos emocionantes. Muitas mulheres, inicialmente tímidas ou inseguras, terminam a pintura com um sorriso no rosto e um novo brilho no olhar. “Tivemos o relato de uma gestante que estava há vários dias internada, triste, sem sorrir. Após participar da arte gestacional, ela conseguiu até sorrir novamente. Foi um momento de alegria e transformação”, contou Joanne.
De acordo com a coordenadora da residência em enfermagem obstétrica, Amanda Santos Fernandes Coelho Batista, os benefícios da humanização ultrapassam o público-alvo. “A humanização na assistência não impacta somente a paciente. Humaniza também o profissional, tornando-o além do viés saúde-doença, atento a cuidar das várias nuances das necessidades humanas básicas. Tal assistência impacta toda a rede hospitalar, promovendo o respeito às boas práticas e o empoderamento para o cuidado holístico da saúde. As gestantes se sentem valorizadas e acolhidas”, concluiu.