Lixão de Padre Bernardo: gabinete de crise indefere plano de ação emergencial apresentado por empresa
Redação Online
Publicado em 21 de junho de 2025 às 21:07 | Atualizado há 6 horas
A empresa responsável pelo lixão Ouro Verde, onde aconteceu o desabamento de uma pilha de lixo na última quarta-feira (18/06), foi demandada a apresentar um plano de ação emergencial (PAE) para recuperação da área e contenção de danos, mas o plano foi indeferido.
A decisão foi tomada pelo gabinete de crise instalado para lidar com o desastre ambiental. A explicação foi dada pela secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, em vídeo postado no Instagram da Semad.
Semad proíbe uso de água contaminada por lixão de Padre Bernardo
Em portaria assinada na noite da última sexta-feira (20/06), a secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis, proibiu o uso e o consumo de água contaminada pelo desabamento de uma montanha de lixo no lixão da empresa Ouro Verde, no município de Padre Bernardo.
A proibição vigora por tempo indeterminado e vale no perímetro compreendido desde o local do desastre ambiental até o rio do Sal e todo o percurso dele, até sua foz no rio Maranhão, trecho compreendido no município de Padre Bernardo (excetua-se da normativa o trecho do rio do Sal localizado no interior do Distrito Federal).
A portaria traz as coordenadas geográficas em que a proibição estabelecida pela portaria se estabeleceu. A regra vale inclusive para atividades de lazer.
Desde a sexta-feira, formou-se um gabinete de crise formado pela Semad, Defesa Civil, ICMBio, prefeitura de Padre Bernardo, Secretaria de Estado de Saúde, Corpo de Bombeiros e outros órgãos públicos. Esse gabinete já executou ações como enviar agentes da Defesa Civil para conversar com moradores da área rural de Padre Bernardo sobre a situação, além de um SMS para os moradores do município.
Na sexta, a Semad divulgou resultados preliminares da análise da água do córrego Santa Bárbara, que foi atingido pelo chorume da montanha de lixo. A análise detectou alterações significativas nos parâmetros de condutividade, salinidade e de presença de sólidos totais dissolvidos (TDS). A detecção desses sólidos totais é um forte indicativo da presença de metais pesados, que são característicos do chorume. De modo geral, alguns metais pesados comuns em chorume são mercúrio, chumbo e cádmio, por exemplo.
A coleta de amostras aconteceu em três pontos do córrego: um antes do lixão (que os técnicos chamam de “a montante”) e dois após o lixão (ou “a jusante”). No ponto anterior, os parâmetros encontrados estavam dentro do que regulamenta o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Mas os dados coletados principalmente no primeiro ponto após o local do desabamento mostraram alta contaminação. No que diz respeito aos sólidos totais dissolvidos, por exemplo, o valor foi de 1.580 mg/L, enquanto o preconizado pelo Conama é de no máximo 500 mg/L.
O desabamento aconteceu na manhã de quarta-feira (18/06). A Semad tenta fechar o empreendimento há pelo menos cinco anos, mas a Justiça estadual e a federal desde então concedem decisões liminares que o autorizam a seguir em operação. A secretária Andréa Vulcanis foi ao local na quinta-feira para uma vistoria in loco. “A sensação aqui é de indignação. Seguimos com todas as medidas administrativas e judiciais para impedir que isso continue acontecendo”, afirmou.
Foto: Semad