Trump ameaça impor tarifa extra de 10% a países alinhados ao BRICS
Redação Diário da Manhã
Publicado em 7 de julho de 2025 às 12:00 | Atualizado há 8 horas
Durante a Cúpula do BRICS realizada no Rio de Janeiro, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou alvoroço internacional ao anunciar, por meio de sua rede social Truth Social, a intenção de aplicar uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que, segundo ele, “se alinhe às políticas antiamericanas do BRICS”.
A declaração veio na noite de domingo (6), justamente enquanto os líderes do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e outros países parceiros se reuniam para discutir o fortalecimento da cooperação econômica e a criação de uma ordem internacional mais equilibrada.
Trump, que é pré-candidato à presidência nas eleições norte-americanas de novembro, afirmou que pretende usar tarifas como forma de “proteger os interesses dos EUA frente à crescente influência de países hostis travestidos de parceria econômica”.
Reações diplomáticas: recado sem confronto
A resposta dos países do BRICS veio com cautela, mas em tom firme. A China classificou a proposta como “inaceitável e contraproducente”, defendendo que tarifas unilaterais não contribuem para a estabilidade global. A Rússia afirmou que o BRICS “não é e nunca foi um bloco contra os Estados Unidos”, e sim uma aliança voltada ao interesse comum entre as nações.
A África do Sul, que ainda negocia um acordo comercial com os EUA, ressaltou que não adota “postura antiamericana” e reafirmou seu compromisso com o multilateralismo.
Mesmo fora do núcleo central, países parceiros como a Malásia também reagiram, dizendo que mantêm política externa independente e não se curvarão a pressões unilaterais.
Declaração final da cúpula evita citar EUA
Na declaração conjunta divulgada nesta segunda-feira (7), os países do BRICS reafirmaram seu compromisso com o respeito ao direito internacional, a necessidade de reforma nas instituições multilaterais e a criação de mecanismos alternativos de financiamento. O texto condena medidas coercitivas unilaterais, sem mencionar diretamente os Estados Unidos ou Trump.
Também houve espaço para posicionamentos políticos delicados: o grupo reforçou apoio à criação de um Estado palestino e pediu o fim de ações militares que desrespeitem a soberania dos povos uma crítica velada a diversas potências ocidentais.
Impacto econômico e geopolítico
A ameaça de Trump reacende o debate sobre o uso de tarifas como instrumento de política externa. Caso retorne à presidência, analistas avaliam que os Estados Unidos poderão adotar uma postura ainda mais protecionista, elevando o risco de fragmentação no comércio internacional.
Especialistas em relações internacionais também apontam que a fala do ex-presidente pode reforçar a união entre os países do BRICS, que nos últimos anos têm buscado alternativas ao dólar e ampliado cooperação tecnológica, militar e energética.
Brasil no centro do tabuleiro
Com a presidência rotativa do BRICS em 2025, o Brasil se vê no meio de uma disputa estratégica. A fala de Trump pode afetar diretamente interesses comerciais brasileiros, especialmente em setores como agronegócio e commodities. Por outro lado, o posicionamento diplomático do país tende a buscar equilíbrio entre as grandes potências, sem rompimentos.