São Paulo será o estado mais prejudicado por tarifaço de Trump
Redação Online
Publicado em 18 de julho de 2025 às 07:57 | Atualizado há 7 horas
Uma nova rodada da guerra comercial entre Estados Unidos e Brasil se desenha no cenário internacional. O ex-presidente norte-americano Donald Trump, em campanha para retornar à Casa Branca, anunciou a imposição de uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, afetando diretamente as exportações nacionais a partir de 1º de agosto de 2025.
No centro da tempestade está o estado de São Paulo, o maior exportador do país, responsável por quase um terço de tudo que o Brasil vende aos Estados Unidos. Entre janeiro e junho de 2025, os embarques paulistas para o mercado norte-americano somaram aproximadamente US$ 6,4 bilhões, representando 31,9% do total nacional.
Os principais produtos paulistas que agora estão na mira das tarifas são:
- Aeronaves e peças, especialmente da indústria da Embraer;
- Sucos de frutas, com destaque para o suco de laranja;
- Combustíveis e derivados de petróleo;
- Equipamentos industriais e de engenharia.
Além de São Paulo, outros estados brasileiros terão perdas expressivas com as novas tarifas, como:
- Rio de Janeiro: 15,9% das exportações afetadas;
- Minas Gerais: 12,4%;
- Espírito Santo: 8,1%;
- Rio Grande do Sul: 4,7%.
Essas unidades federativas, juntas, concentram setores estratégicos como a mineração, o aço, o agronegócio e a indústria de transformação todos agora ameaçados por medidas protecionistas norte-americanas. O tarifaço faz parte de uma política agressiva de Donald Trump para proteger o mercado interno dos EUA e pressionar países parceiros em negociações comerciais. As novas taxas chegam em um momento de instabilidade global e podem alterar profundamente o fluxo de exportações brasileiras.
Trump já havia anunciado anteriormente a intenção de impor uma tarifa geral de 10% para todas as importações nos EUA. Agora, mira especificamente produtos estratégicos do Brasil, com destaque para aeronaves, alimentos processados e commodities. Diante da ameaça, o governo brasileiro criou um comitê interministerial para traçar estratégias diplomáticas e comerciais. A iniciativa envolve representantes do Itamaraty, Ministério da Indústria, Agricultura e Casa Civil, além de lideranças do setor produtivo.
A Embraer, por exemplo, que tem nos EUA um de seus maiores mercados, já demonstrou preocupação com a perda de competitividade. No setor de sucos, cooperativas e empresas também estudam redirecionar parte da produção para mercados alternativos. Curiosamente, a medida de Trump também foi mal recebida por setores empresariais nos próprios Estados Unidos. A Câmara Americana de Comércio e líderes do setor varejista alertaram para os riscos de aumento de preços aos consumidores, escassez de produtos e rompimento de cadeias de suprimento.
Esses agentes pressionam a equipe de campanha de Trump a reavaliar o pacote de tarifas, temendo prejuízos políticos e econômicos internos. A depender da evolução do conflito, o Brasil poderá acionar mecanismos de retaliação comercial, amparados pela legislação nacional e tratados internacionais. Entre as alternativas estão:
- Aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica;
- Abertura de painéis na Organização Mundial do Comércio (OMC);
- Incentivo à diversificação de mercados exportadores, especialmente Ásia e Europa.
Com a sobretaxa de 50% prestes a entrar em vigor, São Paulo desponta como o epicentro dos impactos econômicos, mas a tensão ultrapassa fronteiras e ameaça diversos setores da economia brasileira. O embate é mais do que uma questão comercial trata-se de uma disputa de poder, influência e proteção de mercados em um mundo cada vez mais instável.