Fraude na Farmácia Popular financiou tráfico internacional
Redação Diário da Manhã
Publicado em 21 de julho de 2025 às 11:19 | Atualizado há 8 horas
Uma investigação da Polícia Federal revelou um esquema bilionário de desvio de verbas do programa Farmácia Popular, criado para garantir o acesso da população a medicamentos gratuitos ou com desconto. O golpe, que teria movimentado cerca de R$ 40 milhões, foi usado para lavar dinheiro do tráfico internacional de drogas e envolveu uma rede de farmácias fantasmas registradas em todo o país.
O centro da organização criminosa está ligado a Fernando Batista da Silva, conhecido como “Fernando Piolho”, suspeito de atuar como operador do Comando Vermelho e de manter conexões com o Clã Cisneros, um dos principais grupos do narcotráfico peruano. A quadrilha utilizava farmácias de fachada para simular a venda de medicamentos a pacientes fictícios ou reais que nunca realizaram as retiradas.
A fraude veio à tona após a prisão de um caminhoneiro em Luziânia (GO), flagrado com 191 quilos de entorpecentes. As investigações que se seguiram revelaram o funcionamento de 148 farmácias suspeitas, muitas delas localizadas em terrenos baldios ou registradas em nome de “laranjas”. Só uma dessas farmácias, em Águas Lindas (GO), recebeu R$ 329 mil do programa federal.
A Polícia Federal identificou o uso indevido de mais de 160 mil CPFs. Um dentista de Sumaré (SP), por exemplo, descobriu que seu nome constava como responsável por receber até 20 caixas de insulina por mês medicamento usado no tratamento de diabetes, doença que ele não possui.
Os recursos fraudados foram utilizados não apenas para financiar o tráfico de drogas, mas também para manter uma rede de lavagem de dinheiro que envolvia depósitos fracionados, empresas de fachada e movimentações no Brasil, Bolívia e Peru.
De acordo com o Ministério da Saúde, o sistema do programa Farmácia Popular registra, em média, 140 mil tentativas de fraude por dia. A pasta prometeu reforçar os mecanismos de controle e ampliar a integração com sistemas de verificação digital, como o Conecte SUS.
A operação segue em andamento. Novas prisões podem ocorrer nos próximos dias, e o governo avalia mudanças estruturais no programa para evitar que crimes semelhantes se repitam.