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Indiciado após confusão com a polícia, Oruam denuncia abusos e contesta acusações

Redação DM

Publicado em 26 de julho de 2025 às 07:00 | Atualizado há 18 horas

O cantor e rapper Oruam, nome artístico de Mauro Davi Nepomuceno, foi indiciado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro após um episódio de confronto entre agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) e pessoas próximas ao artista, na noite de segunda-feira (21), no bairro do Joá, zona oeste da capital fluminense. O indiciamento inclui acusações como associação ao tráfico de drogas, lesão corporal, resistência, desacato e dano ao patrimônio público. A defesa do cantor, no entanto, nega as acusações, denuncia abusos policiais e afirma que Oruam foi vítima de violência e perseguição.

A ação da Polícia Civil tinha como alvo inicial um adolescente suspeito de envolvimento com uma quadrilha especializada em roubo de veículos. O jovem seria ligado a um suposto segurança de um integrante do Comando Vermelho. Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão, os agentes encontraram resistência no local onde Oruam reside, o que levou à confusão registrada em vídeos divulgados nas redes sociais. Nas imagens, o rapper aparece exaltado, gritando contra os policiais e acusando-os de abuso, afirmando que teve uma arma apontada para o rosto.

Segundo o secretário de Polícia Civil, delegado Felipe Curi, Oruam supostamente teria incentivado a chegada de motociclistas ao local e atirado pedras contra os agentes e uma viatura, comportamento que, segundo ele, configura tentativa de obstrução da operação. O secretário também declarou que os próprios vídeos divulgados pelo artista serão usados como prova do indiciamento. Em nota, Curi ainda afirmou que Oruam se escondeu no Complexo da Penha após os fatos, o que, segundo a Polícia, reforça indícios de ligação com o tráfico.

A defesa do cantor, por outro lado, afirma que ele apenas reagiu a uma abordagem violenta, desproporcional e sem justificativa. Os advogados alegam que Oruam foi surpreendido por uma operação que não tinha ele como alvo e que os policiais agiram com truculência. Segundo a equipe jurídica, os vídeos divulgados nas redes sociais mostram um cidadão em pânico diante de uma intervenção armada dentro da própria casa, e não uma tentativa de resistência à Justiça. A defesa também nega qualquer vínculo do artista com o Comando Vermelho, destacando que o cantor é alvo constante de estigmatização por sua origem e por seu histórico familiar.

Oruam já havia sido detido em fevereiro deste ano, acusado de esconder um foragido da Justiça em sua residência. Na ocasião, a polícia também afirmou ter encontrado uma arma de uso restrito no local. Agora, com o novo indiciamento, o caso deve ser encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se oferece denúncia formal ou arquiva o inquérito.

Em meio à repercussão, o rapper recebeu apoio de fãs e de artistas do cenário musical, que apontam para a recorrente criminalização da juventude negra e periférica no Brasil. O episódio reacende o debate sobre a forma como o sistema de justiça lida com figuras públicas vindas da favela, especialmente quando suas vozes se tornam críticas ao Estado. Para os defensores de Oruam, a tentativa de associá-lo ao tráfico carece de provas e busca apenas silenciar uma voz incômoda da cena cultural carioca.

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