Cultura

Mistérios do Araguaia: lendas assustadoras e encantadas do centro-oeste

Redação Online

Publicado em 25 de julho de 2025 às 15:54 | Atualizado há 23 horas

Com forma arredondada e comportamento imprevisível, o Rodeiro é uma arraia gigante temida por pescadores
Com forma arredondada e comportamento imprevisível, o Rodeiro é uma arraia gigante temida por pescadores

O Rio Araguaia não abriga apenas praias de água doce e paisagens deslumbrantes. Ele também é berço de lendas ancestrais que atravessam gerações. Histórias como a do peixe que virou homem, da arraia colossal que vira barcos e de criaturas noturnas que arrancam línguas alimentam o imaginário popular e mantêm viva a herança folclórica da região.

Em meio às profundezas do Araguaia, vivia um peixe triste, insatisfeito com os bailes aquáticos. Aruanã sonhava em se tornar humano. Tupã, divindade da vida, atendeu ao apelo e o transformou em um guerreiro. Assim nasceu o povo Yny-Karajá. O ritual do Aruanã, com danças e cantos sob a lua cheia, permanece até hoje entre os indígenas.

Com forma arredondada e comportamento imprevisível, o Rodeiro é uma arraia gigante temida por pescadores. Relatos apontam que o animal arrasta redes, vira embarcações e até afoga banhistas. Quando a água se agita sem explicação, o aviso está dado: o Rodeiro chegou.

Criatura anfíbia, com pele escura e pés de pato, o Negro d’Água assombra rios e lagos, especialmente no norte de Goiás. Conhecido por virar canoas e assustar pescadores, às vezes é acalmado com oferendas de fumo e cachaça. Suas aparições ainda causam temor entre os ribeirinhos.

Descrito como uma criatura maior que um gorila, o Arranca-Línguas ataca à noite e mutila suas vítimas de forma brutal. Conhecido por se alimentar de línguas de animais e até de humanos, esse ser macabro ainda provoca arrepios em moradores das margens do rio.

Gigante, com um olho só e um pé em forma de fundo de garrafa, essa entidade das matas engana caçadores com vozes humanas. Quando os atrai, instala confusão mental e deixa rastros que ninguém consegue explicar. É figura constante em relatos de alucinações e loucura na floresta.

Entre os Apinajés, circula a lenda dos Cupendiepes — seres com corpo humano e asas de morcego que viveriam em cavernas nas margens do Araguaia. Capazes de se transformar, segundo relatos, já teriam matado índios e espalhado pânico entre as aldeias vizinhas à Rocha do Morcego.

Embora muitas vezes confundidos, os três possuem personalidades distintas. A Caipora, espírito indígena peludo que monta um porco-do-mato, protege a fauna. O Curupira, menino de pés virados, prega peças em invasores. Já o Pai do Mato, homem selvagem e peludo, vive isolado e castiga quem desrespeita a natureza. Juntos, formam a linha de defesa mística da floresta.

Foto: Wikimedia Commons

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