PF investiga ex-funcionários da Caixa por esquema milionário contra o INSS
Redação Online
Publicado em 13 de agosto de 2025 às 10:21 | Atualizado há 16 horas
A Polícia Federal deflagrou, nesta quarta-feira (13), a Operação Recupera para combater fraudes no INSS relacionadas a pagamentos indevidos de benefícios assistenciais e previdenciários. A ação ocorre no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, nas cidades de Florianópolis e Tubarão, com o cumprimento de seis mandados de busca e apreensão e o bloqueio de bens dos investigados no valor de R$ 3 milhões.
Segundo as investigações, o esquema teve início em 2018 e era operado por ex-funcionários da Caixa Econômica Federal, que usavam seus acessos aos sistemas do banco para inserir dados falsos e liberar benefícios irregulares. Na época, os envolvidos ainda eram contratados, mas foram demitidos em 2022. Mesmo assim, continuaram atuando no golpe com a ajuda de terceiros para efetuar saques.
O grupo é acusado de realizar provas de vida fraudulentas, incluindo pessoas inexistentes ou já falecidas, para emitir segundas vias de cartões e receber indevidamente aposentadorias, pensões e o Benefício de Prestação Continuada (BPC LOAS). Também teriam usado documentos adulterados e atuado de forma coordenada para inserir informações falsas no sistema.
A Caixa informou que colaborou com a investigação, instaurou procedimento disciplinar e já demitiu os envolvidos. Os quatro ex-servidores já possuíam histórico de faltas disciplinares por concessão irregular de benefícios. Após a demissão, o esquema manteve ao menos 17 benefícios fraudulentos ativos, com saques realizados por comparsas.
A Operação Recupera não tem relação com a Operação Sem Desconto, deflagrada em abril pela Controladoria-Geral da União, que apurou descontos indevidos de R$ 6,3 bilhões em benefícios do INSS por associações e sindicatos. Essa investigação levou ao afastamento de servidores, à demissão do presidente do INSS e do ministro da Previdência, além de acordo firmado no Supremo Tribunal Federal para devolução de valores a 1,6 milhão de aposentados e pensionistas.
O caso mais recente alerta para a diversidade de golpes aplicados contra o INSS, que incluem:
- Saques após o falecimento do beneficiário.
- Uso de laudos médicos falsos para simular incapacidade.
- Fraudes com dublês em perícias.
- Golpes da cesta básica e falsa portabilidade de empréstimos.
- Falsa prova de vida, por meio de mensagens fraudulentas.
- Descontos indevidos de mensalidades associativas.
- Empréstimos consignados fraudulentos.
- Casamentos arranjados para pensão por morte.
- Venda de listas com dados de segurados.
- Declarações falsas para obter BPC ou aposentadoria rural.
- Benefícios por incapacidade sem estar incapacitado.
A Polícia Federal informou que as investigações continuam para identificar outros envolvidos e dimensionar o prejuízo total causado aos cofres públicos.