Tarifaço dos EUA paralisa exportações e leva Taurus a férias coletivas
Redação Online
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 09:35 | Atualizado há 4 horas
A Taurus, fabricante de armas sediada em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e sua controladora CBC enfrentam forte impacto do tarifaço dos Estados Unidos, que aplica 50% de imposto sobre exportações brasileiras. A medida levou ao afastamento de ao menos 40 funcionários em férias coletivas desde a primeira semana de agosto, especialmente na linha de montagem destinada ao mercado norte-americano.
A Taurus, que emprega cerca de 2.700 trabalhadores no estado, exporta aproximadamente 80% da produção dessa unidade para os Estados Unidos. A linha afetada abastece sobretudo a Companhia Brasileira de Cartuchos, com sede em Montenegro, que emprega 473 pessoas e exportou cerca de R$ 250 milhões em 2024.
Inicialmente, o período de férias coletivas foi estipulado em 15 dias, com possibilidade de extensão por igual intervalo. Diante da queda nas exportações, a companhia recorreu a medidas compensatórias. Entre elas, a negociação com o governo estadual para a antecipação de créditos de ICMS, além do acionamento dos sindicatos para buscar alternativas ao desemprego e à instabilidade.
A Taurus também tem adotado estratégias operacionais, como a transferência de estoques para os Estados Unidos, o aumento da produção de carregadores para exportação e a manutenção de um estoque estratégico no mercado norte-americano. Além disso, foram realizadas reuniões com autoridades estaduais e federais, incluindo a embaixada americana, o governo do Rio Grande do Sul, o Ministério da Defesa e o Ministério da Fazenda, buscando apoio institucional para enfrentar a crise.
Na planta da CBC em Montenegro, a situação também é preocupante. A fábrica pode adotar férias coletivas similares e já está reduzindo produção. A medida foi implementada em 11 de agosto e está vigente até 25 de agosto, com possibilidade de prorrogação caso as negociações com os Estados Unidos não avancem.
A pressão resultante do tarifaço dos EUA, que praticamente inviabilizou as vendas externas, evidencia o impacto direto da política tarifária sobre a indústria bélica brasileira, especialmente no Rio Grande do Sul, onde o setor é responsável por significativo retorno de ICMS e pela geração de empregos.