Brasil

Redução de 20% no consumo de álcool evitaria uma morte a cada 1 hora no Brasil

Redação Online

Publicado em 19 de agosto de 2025 às 11:09 | Atualizado há 3 horas

Um relatório preliminar elaborado pelo pesquisador Eduardo Nilson, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), aponta que, se os brasileiros reduzissem em 20% o consumo de álcool, 10.400 mortes poderiam ser evitadas todos os anos. Esse número equivale a uma morte a cada hora no país.

A análise indica que o Brasil deixaria de perder, anualmente, R$ 2,1 bilhões em produtividade associada às mortes prematuras. Esse valor corresponde a 58% do orçamento do programa Farmácia Popular em 2024. Segundo Nilson, as perdas econômicas resultam da interrupção precoce da vida de pessoas em idade produtiva, com impacto direto na renda das famílias e na economia nacional.

O estudo considerou 24 doenças relacionadas ao consumo de álcool, incluindo tuberculose, cirrose, epilepsia, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer. De acordo com o levantamento, uma redução de 10% no consumo já evitaria 4.600 mortes anuais e reduziria as perdas econômicas em R$ 1 bilhão.

As estimativas foram feitas com base em diretrizes da OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda a redução de 20% no consumo per capita de álcool até 2030. O modelo utilizado ampliou análises anteriores feitas pela Fiocruz em 2024, levando em conta dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2019.

Além das perdas produtivas, os gastos diretos do SUS com hospitalizações e procedimentos relacionados ao álcool chegam a R$ 1,1 bilhão por ano, sendo que os homens representam 74% dessas despesas. Um estudo anterior da Fiocruz revelou que o consumo de bebidas alcoólicas é responsável por 12 mortes por hora e gera custos anuais de R$ 18,8 bilhões ao Brasil.

Nilson destaca que o impacto da mortalidade precoce é ainda maior entre homens jovens, principalmente entre 20 e 40 anos, faixa etária em que acidentes e violências ligadas ao consumo de álcool são mais frequentes. “O custo é maior quanto mais jovem é a vítima, porque o cálculo considera a vida até o fim da idade produtiva”, explica.

Para atingir a meta da OMS, especialistas defendem a aplicação de imposto seletivo sobre bebidas alcoólicas na reforma tributária. Luciana Sardinha, diretora-adjunta da Vital Strategies, afirma que a tributação é uma das medidas mais eficazes para reduzir o consumo, se for aplicada de forma adequada e com alíquotas realmente significativas.

Além da tributação, o estudo aponta a necessidade de medidas complementares, como restrições a pontos e horários de venda, campanhas de informação à população e melhorias na rotulagem. “Ainda existe uma banalização do consumo, como se houvesse uma dose segura, mas não há”, reforça Nilson.

A pesquisa, encomendada pela Vital Strategies e pela ACT Promoção da Saúde, tem apoio do projeto Saúde Pública e da associação Umane, que investe em iniciativas voltadas à promoção da saúde no Brasil.


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