Frejat revisita trajetória na Arena Multiplace
DM Redação
Publicado em 19 de agosto de 2025 às 20:30 | Atualizado há 4 horas
Roberto Frejat retorna a Goiânia após seis anos para se apresentar no festival Rock Popular Brasileiro. Evento acontece neste sábado, 23, a partir das 19h
Marcus Vinícius Beck
O rocker carioca Roberto Frejat, ex-Barão Vermelho, sobe ao palco do festival Rock Popular Brasileiro (RPB) neste sábado, 23, a partir das 19h, na Arena Multiplace. Aos 63 anos, o artista revisita sua parceria com Cazuza, os hits do Barão e os sucessos da carreira solo.
Frejat divide a noite com Biquíni, Mr. Gyn e Piano Rock. A ideia, segundo os organizadores, é criar um espaço para toda a família. O evento nasceu pelas mãos dos idealizadores do Porão do Rock e Capital Moto Week — ambos estabelecidos no meio musical de Brasília.
Em 1981, aos 18 anos, Frejat foi apresentado a Cazuza pelo goiano Leo Jaime. Formou o Barão com o poeta (voz), Dé Palmeira (baixo), Guto Goffi (bateria) e Maurício Barros (teclados). De cara, o guitarrista e o vocalista descobriram afinidades imediatas.
Na primeira conversa com Cazuza, Frejat elencou suas preferências musicais: Luiz Melodia, Novos Baianos, Angela Ro Ro, Caetano Veloso e Gilberto Gil. O parceiro, por sua vez, adorava Janis Joplin e Billie Holiday, mas também declarou predileção pelos mesmos artistas.
Conforme a biografia “Por Que a Gente é Assim”, escrita por Ezequiel Neves, Guto Goffi e Rodrigo Pinto e sobre a qual se baseia esta reportagem, Frejat e Cazuza criaram o reggae “Nós” no apê em que o guitarrista morava com os pais, no Flamengo, zona sul do Rio.
“Foi nossa primeira parceria”, recorda-se o artista, em depoimento publicado na obra “Meu Nome é Poesia”, de Ramon Nunes Mello. No livro, Frejat conta que o amigo lhe mostrou os versos. “Começamos a fazer na hora, com uma guitarrinha. Eu me lembro da alegria dele.”
Era assim: fumavam um baseado grandioso e iam à praia. Ao retornar, Frejat apresentava seus riffs e melodias, enquanto Cazuza lhe entregava seus textos. Dessa forma, a dupla fez os clássicos “Ponto Fraco”, “Bilhetinho Azul” e “Todo Amor que Houver Nessa Vida”.
Essas músicas estão no elepê “Barão Vermelho”, de 1982, que recebeu no ano passado uma reedição em vinil vermelho pela Rocinante Três Selos. Tal e qual Jagger-Richards, os compositores produziram hits que ajudaram a consolidar a linguagem do rock brasileiro.

Cazuza, no entanto, deixou o Barão. Bateu asas. Não sem antes — é claro — lançar três obras fonográficas essenciais à discoteca do rock brazuca: além de “Barão Vermelho”, o poeta do rock canta em “Barão Vermelho 2”, de 1983, e “Maior Abandonado”, do ano seguinte.
De repente, o Barão se viu em apuros. A banda, é verdade, testou vocalistas — nenhum agradou aos integrantes. Então, Frejat assumiu a responsabilidade: agora tocaria sua guitarra elegante e daria voz a canções que, ressalte-se, também o tinham como autor.
Entre 1985 e 1988, os shows rarearam — ou estranhamente não aconteciam. Quando rolavam, coisas esquisitas pairavam no ar. Um momento deprimente. Preocupante. Mas Frejat, agora nos vocais, diversificou suas parcerias. O Barão, apesar de tudo, seguia vivo.
Recomeço
De Arnaldo Antunes, o brou musicou a belíssima “Quem Me Olha Só”, blues lançado no disco “Rock’N Geral”, de 1987. “Hoje sente dó, quem me olha só / Eu tenho o carinho do espinho”, vocaliza Frejat, que fecha a canção com um solo de guitarra melódico.
No ano seguinte, “Pense e Dance” reposicionou o Barão entre as grandes bandas brasileiras. O disco “Carnaval” explodiu e, com isso, sedimentou os caminhos musicais trilhados pelo grupo nos anos 1990, com “Na Calada da Noite”, “Supermercados da Vida” e “Carne Crua”.
“O Barão cumpre o papel que outras bandas lá fora também têm, de desmitificar o rock’n’roll como uma coisa adolescente. Foi-se o tempo em que o rock era só carros e garotas”, afirmou Frejat, em entrevista para divulgar o pesado “Carne Crua”, em 1994.
Até o fim dos anos 90, o Barão lançaria um disco de intérprete, “Álbum”, de 1996 — dois anos após voltar-se à crítica social na faixa “Seremos Macacos Outra Vez”. Em “Puro Êxtase”, de 1998, Frejat reconhecia: os adolescentes têm outras referências além do rock.

Após retornar às origens e fazer as pazes com o passado, Frejat anunciou que o resiliente Barão Vermelho entraria em pausa. Antes, no entanto, faria um show no Rock in Rio, em 2001. “O Barão vai acontecer de tempos em tempos a partir de agora”, informou à época.
Se o disco solo “Amor Pra Recomeçar” foi uma tentativa de o guitarrista não cair no clichê do rock, “Sobre Nós Dois e o Resto do Mundo” trazia Frejat gravando uma canção então inédita de Cazuza, selando parceria com Erasmo Carlos e apostando no básico — o amor.
Assim, Frejat se firmou bom compositor — como se percebe na balada “Cigarro Aceso no Braço”, do digno álbum “Barão Vermelho”, de 2004: “Você dormindo hoje ao meu lado/ é um cigarro aceso queimando o meu braço.” Uma corajosa canção de separação.
Na carreira solo, o brou fez ainda “Intimidade Entre Estranhos”, quatro anos depois, e só anunciaria novo álbum em 2020, com “Ao Redor do Precipício”. Roberto Frejat saiu do Barão, oficialmente, em 2017. Desde então, mantém-se relevante para o rock brasileiro e, como a música “Bete Balanço”, ainda continua fantasiando alguns sonhos da galera.
ROCK POPULAR BRASILEIRO
Ingressos pelo Bilheteria Digital
Quando: sábado, 23, a partir das 19h
Onde: Arena Multiplace, Goiânia
Alameda Barbacena, Alto da Glória