Saúde bucal: como escolher o produto certo para cada fase da vida e como evitar danos aos dentes

Na correria do dia a dia, é comum que a escolha do creme dental e dos itens de higiene bucal seja feita por impulso, seja pela embalagem chamativa ou pela promessa de dentes mais brancos em poucos dias. Mas, segundo a cirurgiã-dentista goiana Catarine Leal, essa decisão precisa levar em conta a idade, o estado de saúde bucal e até mesmo a presença de próteses ou aparelhos ortodônticos.

“A pasta de dente ideal deve conter flúor na concentração adequada, variando conforme a faixa etária. Para adultos e idosos, o ideal é que o creme tenha entre 1.350 e 1.500 ppm de flúor. Já para crianças, a concentração recomendada gira em torno de 1.000 ppm, e o uso deve ser supervisionado por um adulto para evitar ingestão excessiva”, explica a especialista.

O que evitar?

Entre os produtos que geram preocupação entre os profissionais da odontologia estão os cremes dentais com carvão ativado. Apesar da popularidade nas redes sociais, eles apresentam alto grau de abrasividade, o que pode desgastar o esmalte dos dentes e causar sensibilidade a longo prazo.

“Esses produtos não têm comprovação científica de que clareiam os dentes com segurança. Pelo contrário, com o uso contínuo, podem causar danos irreversíveis, como microfissuras no esmalte e retração gengival”, alerta Catarine.

Outro item que merece atenção são os enxaguantes bucais, especialmente os que contêm álcool. De acordo com a profissional, o uso indiscriminado pode causar ressecamento da mucosa bucal, alterar o equilíbrio da flora e até aumentar o risco de doenças.

“O enxaguante pode ser um aliado, sim, mas deve ser prescrito pelo dentista, especialmente nos casos de gengivite, periodontite ou halitose. Produtos com clorexidina, por exemplo, são ótimos, mas devem ser usados com cautela e por tempo limitado”, reforça.

Fio dental e raspador de língua: aliados indispensáveis

Outro ponto importante na rotina de cuidados é o uso do fio dental. Catarine recomenda o uso diário, com movimentos suaves e firmes, preferencialmente à noite. “Existem diversas versões no mercado — encerado, não encerado, fita dental, escovas interdentais — e a melhor escolha vai depender da anatomia da boca e da presença de próteses, por exemplo”, esclarece.

O raspador de língua, por sua vez, ainda é negligenciado por boa parte da população. O acessório ajuda a remover bactérias da superfície da língua, melhora o hálito e reduz o acúmulo de placa. “O uso é simples, rápido e muito eficaz. É um cuidado adicional que faz muita diferença, principalmente no combate ao mau hálito”, acrescenta.

Dicas rápidas por faixa etária:

Crianças (até 6 anos): pasta com 1.000 ppm de flúor, quantidade equivalente a um grão de arroz (menores de 3 anos) ou uma ervilha (a partir dos 3). Sempre com supervisão.

Adultos: pasta com até 1.500 ppm de flúor, evitar produtos com carvão ativado ou detergentes fortes como SLS (Lauril Sulfato de Sódio).

Idosos: dar atenção especial a pastas menos abrasivas, escovas com cerdas macias e possíveis cremes com ação antisséptica, em casos de próteses ou implantes.

Quando procurar o dentista?

Além dos cuidados diários, a Dra. Catarine reforça que as visitas ao consultório devem acontecer a cada seis meses, ou com intervalo orientado pelo profissional. “A prevenção é sempre o melhor caminho. Um bom creme dental, o uso correto do fio dental e o acompanhamento profissional são a base para uma saúde bucal de verdade — e não apenas estética”, conclui.