Pai de jovem carbonizado em clínica desabafa: “cruel”
Redação Online
Publicado em 7 de setembro de 2025 às 18:00 | Atualizado há 1 dia
O incêndio que atingiu o Instituto Terapêutico Liberte-se, no Paranoá (DF), deixou cinco mortos e pelo menos 11 feridos. As circunstâncias da tragédia escancararam as condições precárias em que funcionava a clínica, destinada ao tratamento de dependentes químicos.
Dione Silva, pai de uma das vítimas, descreveu o episódio como “cruel” e falou do desespero ao receber a notícia da morte do filho carbonizado. O sentimento de revolta é compartilhado por sobreviventes, que relataram pânico e falta de segurança durante o incêndio.
O interno Daniel Fernandes, de 24 anos, afirmou ter visto colegas em chamas e tentou ajudar como pôde. “Um rapaz corria queimando, outro rastejava com o corpo em fogo. Foi aterrorizante”, disse. Outro sobrevivente, Luís Araújo do Nascimento, de 57 anos, destacou que a tragédia poderia ter sido evitada: “A casa estava trancada por fora, não havia extintores, nem porta corta-fogo. As janelas eram gradeadas. Aconteceu o que já se esperava”.
A investigação preliminar confirmou que os internos estavam em condições de risco extremo: portas trancadas, ausência de equipamentos de segurança contra incêndio e falta de treinamento para situações de emergência.
Especialistas apontam que o caso evidencia problemas estruturais em comunidades terapêuticas pelo país. Um professor da Universidade de Brasília classificou o episódio como reflexo da “indústria da loucura”, um sistema em que clínicas, muitas vezes sem fiscalização adequada, recebem recursos públicos e operam em condições irregulares.
O Governo do Distrito Federal acompanha o caso, e autoridades devem apurar responsabilidades criminais e administrativas. Para os familiares, no entanto, nenhuma punição será capaz de apagar o sofrimento. “É uma dor sem explicação. Meu filho não merecia morrer assim”, lamentou o pai.