Vacinas podem reduzir em até 40% o risco de infarto e AVC
DM Redação
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 11:53 | Atualizado há 5 horas
Estudos internacionais mostram que a imunização contra vírus respiratórios diminui não apenas casos de gripe e Covid-19, mas também reduz significativamente eventos cardiovasculares graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC). Especialistas brasileiros reforçam que manter o cartão de vacinas atualizado é uma medida fundamental de prevenção. Pesquisas realizadas na Europa, nos Estados Unidos e em outros países indicam que a vacinação contra a gripe e contra a Covid-19 pode reduzir em até 40% o risco de morte por infarto ou AVC em um período de um ano.
No caso do vírus sincicial respiratório (VSR), estudos com mais de 6 mil adultos registraram aumento de até 18 vezes no risco de eventos cardiovasculares graves após a infecção, o que reforça a relevância da prevenção por meio das vacinas. Um estudo multicêntrico com 2,5 mil pacientes que sofreram infarto mostrou que aqueles vacinados contra a influenza tiveram 41% menos mortes por causas cardiovasculares. Outro levantamento, com 5 mil pessoas com insuficiência cardíaca, apontou queda de 23% na mortalidade cardiovascular, além de 21% menos mortes por todas as causas e 24% menos internações por complicações da doença entre os vacinados. Em relação à Covid-19, trabalhos científicos sugerem que os imunizados tiveram 37% menos necessidade de internação em UTI e cerca de 30% menos risco de morrer em um ano.
Por que as infecções aumentam o risco?
De acordo com o neurologista Marco Túlio Pedatella, do Hospital Israelita Albert Einstein em Goiânia, infecções respiratórias intensificam a resposta inflamatória do organismo, o que pode desestabilizar placas de gordura nas artérias e favorecer a formação de coágulos. “Esse processo aumenta a chance de infarto e AVC, principalmente em pessoas com pressão alta, diabetes ou arritmias”,
O médico lembra ainda que houve casos de pacientes que sofreram AVC pouco tempo depois de uma infecção por gripe ou Covid-19, mesmo com os fatores de risco controlados.
Vacinas como parte do cuidado com o coração
O cardiologista Murilo Meneses, também do Einstein, reforça que as vacinas devem ser encaradas como parte da rotina de saúde cardiovascular: “A vacina contra a gripe pode reduzir em cerca de 30% os eventos cardiovasculares graves. Hoje já falamos dela como o ‘quarto pilar’ da prevenção, junto ao controle da pressão, do colesterol e da diabetes”
Para ele, evitar a infecção já representa uma forma de proteção: “Durante uma infecção respiratória, o corpo libera substâncias inflamatórias que aumentam o esforço do coração e podem levar à formação de coágulos e até infarto”,
Situação no Brasil
A Sociedade Europeia de Cardiologia já incluiu a vacina contra gripe e Covid-19 nas recomendações de prevenção secundária em pacientes cardiopatas e idosos. No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece de forma gratuita as vacinas contra gripe, Covid-19 e outras doenças para grupos prioritários, como idosos e pessoas com doenças crônicas
Apesar disso, a adesão ainda está abaixo do ideal. Para Pedatella, é essencial superar a desinformação e incluir a imunização como parte dos cuidados de rotina: “Além de hábitos saudáveis, o controle da pressão e do diabetes, é fundamental manter o cartão de vacinas em dia”