Dívida bruta do Brasil se mantém em 77,5% do PIB, revela Banco Central
Léo Carvalho
Publicado em 30 de setembro de 2025 às 10:37 | Atualizado há 2 horas
A dívida bruta do Brasil se manteve em 77,5% do PIB (Produto Interno Bruto) em agosto saldo de R$ 9,6 trilhões. Dados divulgados pelo Banco Central nesta terça-feira (30) mostram estabilidade em relação ao mês anterior. No ano, houve aumento de 1 ponto percentual.
A dívida bruta que compreende governo federal, INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e governos estaduais e municipais, é um dos principais indicadores econômicos observados pelos investidores na hora de avaliar a saúde das contas públicas do país.
Foco do mercado financeiro
A comparação é feita em relação ao PIB para mostrar se a dívida do governo é sustentável. A trajetória da dívida bruta é hoje um dos focos de preocupação do mercado financeiro.
O resultado mensal foi influenciado, de um lado, pela pressão de 0,8 ponto percentual de alta gerada pelos gastos com juros da dívida. No sentido contrário, o efeito contábil do crescimento do PIB retirou 0,5 ponto percentual, as emissões líquidas de dívida e o efeito da valorização cambial contribuíram com alívio de 0,2 ponto e 0,1 ponto, respectivamente, freando o crescimento da dívida bruta do país em agosto.
Impacto da Selic
A elevação dos juros gera uma pressão adicional sobre o endividamento da União. Cada um ponto percentual de aumento da taxa básica (Selic), mantida por 12 meses, eleva a dívida bruta em R$ 54,4 bilhões (0,44 do PIB), segundo o BC.
Neste mês, o Copom (Comitê de Política Monetária) manteve a taxa básica (Selic) em 15% ao ano pela segunda vez seguida e repetiu a intenção de conservar os juros altos por tempo “bastante prolongado” para assegurar a convergência da inflação à meta.
Em agosto, a dívida líquida, que desconta os ativos do governo, subiu 0,6 ponto percentual em relação ao mês anterior e atingiu 64,2 % do PIB saldo de R$ 8 trilhões.
Déficit do setor público
Ainda segundo dados do BC, o setor público consolidado brasileiro registrou déficit primário de R$ 17,3 bilhões em agosto, ante resultado deficitário de R$ 21,4 bilhões no mesmo mês do ano passado.
O montante engloba os resultados de governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social), governos estaduais e municipais e de empresas estatais.
O resultado negativo refletiu déficit registrado em todas as instâncias, de R$ 15,9 bilhões do governo central, de R$ 1,3 bilhão de estados e municípios e R$ 6 milhões das empresas estatais.
Em 12 meses, o setor público consolidado acumulou superávit primário de R$ 23,1 bilhões (0,19% do PIB). O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) persegue uma meta fiscal de déficit zero, mas a margem de tolerância permite que o resultado efetivo seja negativo em até R$ 31 bilhões. (NATHALIA GARCIA/FOLHAPRESS)