Brasil

Incêndio na Chapada dos Veadeiros destrói 77 mil hectares e ameaça comunidades quilombolas e indígenas

DM Redação

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 06:32 | Atualizado há 4 horas

Folha Press

Um incêndio de grandes proporções atinge há nove dias a região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, e já destruiu cerca de 77 mil hectares, segundo dados do Sisfogo (Sistema Nacional de Informações sobre o Fogo). O fogo começou no município de Cavalcante e se espalhou em direção a áreas quilombolas, indígenas e propriedades privadas, incluindo Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

Nesta segunda-feira, 6, as frentes de combate permanecem ativas em diferentes pontos da região, como o Território Kalunga (Vão do Moleque e Região do Prata), Diadema, Boa Vista, Avá-Canoeiro e nas áreas rurais de Cavalcante e Colinas do Sul. Apesar da gravidade da situação, o incêndio que ameaçava o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros foi controlado, e a unidade, que abriga 240 mil hectares de cerrado preservado, segue aberta à visitação.

A ação, coordenada pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), mobiliza 155 profissionais no combate às chamas. Brigadistas do ICMBio, do Prevfogo/Ibama, da Brivac (Brigada Voluntária de Alto Paraíso), da Rede Contra Fogo e do coletivo Cerrado de Pé atuam especialmente nos territórios quilombolas e indígenas.

Já o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás e a brigada da Secretaria Estadual de Meio Ambiente concentram esforços na área urbana de Cavalcante e no Parque Estadual Águas do Paraíso. De acordo com o ICMBio, também foi iniciado o apoio às chamadas “queimas de roçado” em comunidades quilombolas, a prática é usada para reduzir o material combustível e evitar novos focos de incêndio. O combate conta com apoio aéreo do Ibama e deverá receber reforço de mais 30 brigadistas nos próximos dias.

A Polícia Civil de Goiás instaurou um inquérito para apurar se a origem do incêndio foi criminosa. Segundo a corporação, o objetivo é identificar e responsabilizar os causadores do fogo, para coibir práticas ilegais que contribuem para a degradação ambiental e o risco às populações locais.

O Governo de Goiás também montou uma força-tarefa com bombeiros, policiais militares e civis, além de fiscais ambientais, para atuar no combate e na investigação das queimadas. Com a estiagem prolongada e os ventos fortes típicos do período seco no cerrado, as chamas se espalharam rapidamente e alcançaram áreas próximas a comunidades tradicionais. No território quilombola Kalunga, o maior do país, brigadistas locais têm trabalhado para proteger moradias e plantações.

A Chapada dos Veadeiros é uma das regiões mais afetadas por incêndios florestais no país. Em 2021, o fogo destruiu cerca de 36% da área do parque. O cerrado é um dos biomas mais vulneráveis às queimadas e à expansão agropecuária, que aumentam o risco de incêndios recorrentes e a perda de biodiversidade.

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