Simpósio da UEG debate religião em Pirenópolis
DM Redação
Publicado em 12 de outubro de 2025 às 20:25 | Atualizado há 4 horas
Entre hoje e quarta, 15, Pirenópolis, a 128 km de Goiânia, sedia o IV Simpósio Nacional de Estudos da Religião da UEG e o III Simpósio da Associação Brasileira para a Pesquisa e História das Religiões (ABHR), Regional Centro-Oeste, consolidando-se como um dos principais espaços de reflexão acadêmica sobre o fenômeno religioso no Brasil.
O evento é promovido pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Goiás (PPGHIS/UEG), por meio do seu Laboratório de Pesquisa em Religiões e Modernidade (Laprem), em parceria com a ABHR. As atividades têm entrada franca.
Com o tema “O fenômeno religioso entre embates e debates”, o simpósio reúne pesquisadores nacionais e internacionais para discutir as múltiplas formas de religiosidade e seus impactos sociais, políticos e culturais.
Entre os destaques estão as professoras Valentina Pereira Arena, da Universidade Católica do Uruguai, e Renata Siuda Ambroziak, da Universidade de Varsóvia (Polônia), além de dezenas de pesquisadores brasileiros de diferentes instituições e áreas do conhecimento.
Um dos marcos simbólicos do evento será a excursão na manhã do dia 14 de outubro a Lagolândia, distrito de Pirenópolis, para uma celebração in loco dos 100 anos do chamado “Dia do Fogo”, episódio em que forças do policiais e militares reprimiram o movimento messiânico liderado por Benedita Cipriano Gomes, conhecida como Santa Dica.
O massacre de 1925 resultou em seis mortes, dezenas de feridos e a prisão de Santa Dica, posteriormente libertada após nove meses. Este movimento é considerado o mais importante do tipo em Goiás e o único no Brasil liderado por uma mulher.
Durante a visita, os participantes farão uma roda de discussão sobre o massacre, participarão de apresentações culturais e visitarão a casa onde viveu Santa Dica. A programação pretende não apenas homenagear sua memória, mas também lançar luz sobre a repressão histórica sofrida por movimentos religiosos populares.
Reparação histórica
Segundo a professora Luciana Ramos, uma das organizadoras do evento, ela e uma professora do curso de Direito da UEG ingressaram com um processo de reparação histórica junto ao Estado de Goiás.
“Fizemos um trabalho de análise histórico-jurídica do processo-crime que ela sofreu e demos início ao pedido. Esperamos que o governo estadual esteja conosco no dia 14, quem sabe para sinalizar um passo positivo nesse processo”, diz.
A escolha de Pirenópolis como sede do evento reforça a conexão entre pesquisa acadêmica e memória histórica. Além da excursão, a programação do simpósio inclui mesas redondas, conferências e nove Simpósios Temáticos (STs), abordando assuntos como religiões afro-brasileiras, protestantismos, espiritualidades na modernidade tardia, religiões mediúnicas, catolicismo, patrimônio religioso, entre outros.
O simpósio tem sido realizado desde 2018 e, em sua edição de 2025, reafirma o compromisso com o diálogo interdisciplinar, o respeito à diversidade religiosa e o debate qualificado sobre os embates e disputas em torno da religião na sociedade brasileira contemporânea.