Atleta de MMA organiza primeiro evento trans da categoria
Redação DM
Publicado em 10 de setembro de 2023 às 14:19 | Atualizado há 2 anos
O primeiro evento de artes marciais mistas (MMA) trans, que vai ter atletas transgêneros no Brasil, foi batizado de Trans Fighter e deve acontecer em novembro na capital paulista. Até o momento seis lutas já foram confirmadas pela organização.
A atleta Cris Macfer, de 30 anos, primeira a se assumir como homem trans no MMA, é a responsável por organizar o evento. O acontecimento promete não apenas celebrar o respeito e a disciplina, pontos ensinados nas artes marciais, mas também vai ajudar a motivar reflexões e propor debates referentes as questões de gêneros.
Cris já foi tricampeão mundial e bicampeão brasileiro de hapkidô (arte marcial coreana), além também bicampeã mundial de jiu-jitsu. Na luta encontrou o apoio para lutar contra o preconceito que ainda é tão vigente na sociedade e dentro das próprias escolas de lutas.
Nascido no interior de Minas Gerais, em 2015 o atleta se identificou como homem trans. Nesse período passou por uma crise existencial “Eu não sabia o que era uma pessoa trans. Cheguei a pensar que era lésbica, por me sentir atraído por mulheres. Mas com o tempo, e estudo, percebi que minha questão era outra”, diz Cris.
Em 2018 o atleta se assumiu como homem trans no MMA, mas no período ainda continuou sendo tratado como mulher, evidenciando assim que no esporte ainda tem muito machismo. Após três anos abandonou a categoria feminina e iniciou a transição de gênero através dos procedimentos cirúrgicos.
O MMA permite que pessoas trans lutem com atletas dos gêneros que se identificam. Mas Cris decidiu não ingressar na categoria masculina do torneio, por receio principalmente do machismo masculino em querer provar que são mais fortes que um homem trans.
Com base em tudo isso, decidiu criar uma nova categoria, dentro do qual apenas pessoas trans poderiam competir. Nasce nesse momento a categoria Trans Fighter. Essa oportunidade é sem dúvidas um marco positivo contra o preconceito e machismo que ainda é tão presente dentro da sociedade, e proporciona oportunidades para demais jovens que sonham em ser aceitos pelas pessoas do jeito que são e não como imposição sociocultural.