Política

Palestra de Moraes na Itália foram promovidas por empresas condenadas por fake news

Ismael Guedes

Publicado em 20 de julho de 2023 às 12:39 | Atualizado há 2 anos

A palestra proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Itália, na semana passada, foi promovida e patrocinada por uma faculdade goiana condenada por disseminar fake news relacionadas ao kit Covid.

Após o evento, no aeroporto de Roma, Moraes e sua família se envolveram em um episódio que resultou em um inquérito da Polícia Federal sobre uma suposta agressão.

O evento acadêmico, chamado Fórum Internacional de Direito, ocorreu na Universidade de Siena, na região italiana da Toscana, mas foi promovido pela Alfa Escola de Direito e pela Unialfa, ambas localizadas em Goiás. Essas instituições de ensino privadas fazem parte do Grupo José Alves, que também é proprietário da empresa farmacêutica Vitamedic, responsável pela produção de ivermectina no Brasil.

A Unialfa organizou eventos na Universidade de Siena, nos quais o ministro Alexandre de Moraes foi um dos palestrantes do fórum realizado entre 4 e 14 de julho. 

O ministro ainda não se manifestou sobre o assunto.

Tanto o Grupo José Alves quanto a Unialfa foram condenados pela Justiça Federal no Rio Grande do Sul, em maio deste ano, por danos morais coletivos à saúde.

Em fevereiro de 2021, essas empresas financiaram a publicação de um informe publicitário em diversos meios de comunicação, intitulado “Manifesto Pela Vida”, que defendia o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19, utilizando medicamentos sem eficácia comprovada contra o coronavírus, como cloroquina e ivermectina.

Segundo o Ministério Público, a Vitamedic Indústria Farmacêutica, a Unialfa e o Grupo José Alves foram condenados ao pagamento de R$ 55 milhões por danos morais coletivos à saúde.

A sentença também revelou que o lucro anual da Vitamedic aumentou de R$ 15 milhões para R$ 500 milhões durante a pandemia, devido à venda de ivermectina. Jailton Batista, diretor-executivo da Vitamedic, foi convocado a depor na CPI da Covid em agosto de 2021 devido a esse faturamento e à defesa do “tratamento precoce”.

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