Mulheres querem trabalho, e não assédio!
Gynaberg Reis
Publicado em 24 de março de 2023 às 19:11 | Atualizado há 2 anos
O mês de março é considerado o mês das mulheres, e são elaboradas várias campanhas de conscientização como reflexão sobre o
papel da importância feminina na sociedade. Seja campanha para admirar sua
força, determinação e empoderamento, seja para alertar sobre ações preventivas.
Pensando nisso, o Diário da Manhã irá tratar sobre o crime de assédio moral.
Já ouviu alguma dessas frases? “Não está satisfeito, pede demissão”, ou do tipo: “Pessoas como você, está cheio aí fora”. Segundo pesquisa da Catho Marketplace
de Tecnologia, que conecta empresas e candidatos, 38,7% das participantes afirmam ter sofrido assédio moral dentro
das empresas. Estes dados são preocupantes, e para impulsionar essa posição de
liderança o protagonismo feminino não se cala.
“Querido chefe, eu te vendo minha força
de trabalho, mas não a minha dignidade”.
O assédio moral, muitas vezes, é praticado de forma
dissimulada, por meio de situações dificilmente identificadas no início.
Frequentemente, os colaboradores não conseguem se identificar como vítimas de
assédio, quando no início a intenção é de baixar a autoestima, subestimando a
capacidade profissional dos colaboradores, e desestabilizar o emocional da
vítima no local de trabalho.
Para entender melhor este assunto, o Diário da Manhã foi em busca
de relatos por meio de um grupo de Amigas (Café, Batom e Bate Papo), onde se mulheres se reúnem semanalmente para conversar sobre vários assuntos. Entre os assuntos, os
mais discutidos são sobre Assédio Moral.
A recepcionista Pamella Alvarenga relata que em um antigo
local de trabalho, ocorreram situações constrangedoras com ela, onde sofria
assédio moral por parte de sua gestora, pelo simples fato de Pamella ser muito
magra, ela chegou a ser apelidada de “muriçoca”, sendo ridicularizada perante seus colegas de
trabalho.
A vendedora de televendas, Cleide Duarte relata que sua
supervisora põe pressão no departamento para bater metas, e que em um dia de
trabalho houve gritos e palmas aleatórias da supervisora nos corredores
dizendo: “Se não bater meta terá trabalho dobrado sem horas extras”. Ao ouvir
essa situação, Cleide levantou-se, pegou sua bolsa e foi para casa.
A secretára do lar Nelma Pereira relata que em um dia de
trabalhou realizou suas atividades diárias, e que sua patroa disse que ela
havia limpado o fogão de sua casa como o “nariz dela”, que o chão estava “seboso
como o cabelo dela”. O medo do desemprego faz com que situações constrangedoras como esta sejam “toleradas”.
A assistente administrativa Julia Nascimento disse que não deu continuidade no seu
período de experiência de trabalho, pois sua gestora
perguntou qual seria sua crença religiosa, e Julia relatou ser de outra
denominação. Dias seguintes a mesma foi dispensada de sua função por não ser da mesma denominação religiosa que a empresa. Muitas vezes o
assédio moral e praticado ainda na fase de busca pelo trabalho.
A discriminação
e o assédio moral no mercado de trabalho entre as mulheres ocorre no salário, que é mais baixo do que o de um homem que ocupa o mesmo cargo, além do menor acesso às promoções nas empresas. As mulheres, muitas vezes, além de alvo das condutas se deparam com
exigências rígidas, devido às suas aparências pessoais.
Historicamente discriminadas nos locais de trabalho, as mulheres são as primeiras
a serem demitidas quando há cortes de gastos nas empresas, deixando-as sem oportunidades de crescimento
profissional e financeiro.
Além do Assédio moral, há também o assédio sexual
No final da conversa entre Amigas (Café, Batom e Bate
Papo), houve relato sobre assédio sexual. A vítima deste tipo de assédio foi a promotora de merchandising Renata Medeiros,que disse ter sofrido assédio sexual na empresa que trabalhava. Segundo ela, um colega de trabalho a assediou sexualmente, e afirmou que na época ela “passou da situação de vítima para vilã”, por ter levado em
o caso aos seus superiores para que eles tomassem as providências sobre o
ocorrido, pois ela queria apenas resguardar sua conduta e segurança dentro do
local de trabalho.
Depois que expôs a situação, Renata descobriu que
outras colegas também haviam sofrido assédio sexual por parte do mesmo colega,
mas que elas se calavam por medo, ou por ficar desempregada, ou por
responsabilidades financeiras a serem cumpridas fora do trabalho como faculdade, prestação de carro, aluguel entre outros fatores que poderiam
deixá-las vulneráveis sem perspectivas financeiras.
Mas Renata foi adiante e se
juntou com suas colegas onde o colega foi desligado da empresa. A voz feminina não pode se calar, pois a primeira e mais decisiva forma de defesa das
mulheres no local de trabalho é a prevenção. Prevenir e denunciar situações
contra o assédio moral é fundamental e necessário, A voz feminina deve ser ouvida independente da sua
posição profissional.