Cotidiano

Live interliga Brasil e Espanha com tema sobre a segurança da mulher em baladas

Redação

Publicado em 10 de março de 2023 às 14:15 | Atualizado há 2 anos

De iniciativa
da jornalista goiana e mestre em Comunicação Ana Carolina Carvalho, um evento
on-line transmitido ao vivo na manhã desta quinta-feira, 9, falou sobre o
Protocolo No Callem de Barcelona e os eventos que sucederam às investigações e
posterior prisão, pela polícia catalã, do jogador brasileiro Daniel Alves. O
que nem todos sabem é que a aplicação do protocolo pela boate Sutton naquela
madrugada foi decisiva para o andamento da denúncia.

A live que
contou com a participação da também jornalista Elena Freixa, do Diário Ara, de
Barcelona, e Bia de Lima, deputada estadual de Goiás e presidente do Sindicato
da Educação de Goiás (Sintego), falou sobre a criação de mecanismos de combate
à violência contra a mulher em baladas e levantou os principais tópicos para a
eficácia de mecanismos semelhantes que possam ser implantados no Brasil.

Host no evento
que interligou Brasil e Espanha, Ana Carolina Carvalho afirma que o tema
interessa a toda sociedade e debates como esse são importantes para que, além
das mulheres, os responsáveis por bares e boates saibam como se adequar à
realidade de violência contra a mulher nesses ambientes.

“É fundamental
debatermos o modelo de combate à violência contra a mulher de Barcelona para
podermos aplicar essas medidas aqui no Brasil e, quem sabe, até incrementar
ferramentas que sejam condizentes com a nossa realidade. Discutir políticas
públicas relativas a este tema endossa também os cuidados com a mulher”,
afirma.

Jornalista no
Diário Ara, em Barcelona, Elena Freixa acompanhou de perto todos os
acontecimentos relacionados à prisão do jogador Daniel Alves e as investigações
sobre o crime sexual de que ele é acusado. Segundo Elena, o protocolo deve
mobilizar toda a sociedade, envolvendo os responsáveis por bares e boates para
fazerem a sua parte, se responsabilizando pela segurança das mulheres
frequentadoras.

“Os donos de
boates precisam passar segurança para suas clientes mulheres. Aderindo à
protocolos que asseguram mais segurança, estarão dizendo que aquele local é
seguro. Dessa forma também, terão mínimas condições para prestarem o primeiro
atendimento à vítima, que, nessa hora, está muito fragilizada”, orienta.

A jornalista
recorda que no caso da boate Sutton, os funcionários agiram com rapidez e
precisão, o que foi decisivo para que o jogador, agora suspeito de estupro,
fosse investigado e preso preventivamente. “Esse atendimento inicial foi
importante para identificar o crime. Um profissional na boate identificou que
algo de errado havia ocorrido com a vítima. A maioria das vítimas leva até
meses para denunciar ou mesmo falar sobre a agressão”, ressalta Elena.

 

Políticas
públicas para estabelecer regras

 Para a deputada
estadual Bia de Lima, é preciso envolver a sociedade em todos os seus segmentos
para que as estratégias criadas a partir dos novos mecanismos, sejam
efetivamente aplicados. “Estamos trabalhando para criar mecanismos de proteção
às mulheres, seja em bares ou boates, para efetivamente garantir condições de
proteção que as proteja”, argumenta.

 A deputada
afirma que é necessário criar uma legislação baseada no Protocolo No Callem
para garantir efetividade nas estratégias criadas a partir dos novos mecanismos.
“Precisa se tornar legislação e tenho enorme expectativa de aceitação em Goiás.
Não é bom para os governos tanta violência contra a mulher. Quando se
transforma iniciativa em leis, garantimos que os instrumentos sejam efetivos e
permanentes”, afirma a deputada.

 

O Protocolo No
Callem de Barcelona

 O protocolo No
Callem foi criado pelo governo de Barcelona em 2018 para combater agressões
sexuais e violência machista em espaços de lazer da cidade, como discotecas e
bares. Cerca de 40 locais da capital catalã aderiram ao protocolo, que foi
reativado no fim de 2022 depois de um período de paralisação das atividades
privadas de lazer devido à pandemia de covid-19.

 Os locais
aderentes ao protocolo recebem treinamento e acompanhamento e devem aplicar
medidas específicas para combater a violência machista. Um ponto central do
protocolo é deslocar a atenção para as vítimas do abuso ou da agressão sexual.
A prioridade das ações deve estar nelas, e não no agressor.

 O protocolo dá
um papel de destaque aos funcionários dos estabelecimentos, que devem ser
capacitados para saber como prevenir e identificar a violência sexista e como
agir em casos de agressão ou assédio sexual. O caso do jogador Daniel Alves foi
o primeiro onde o protocolo foi aplicado, ou pelo menos, de conhecimento da
imprensa, já que um dos critérios do protocolo No Callem é a seguridade da
vítima e suposto autor, no que diz respeito aos fatos.

 Com pelo menos
cinco principais pontos básicos a serem seguidos, o protocolo propõe
acolhimento à vítima em primeiro lugar ao invés de focar no agressor. A pessoa
agredida deve receber todas as orientações necessárias de como proceder em caso
de ocorrência de crime e sua decisão deve ser respeitada, sem questionamento.
Na contrapartida, é importante mostrar que há uma clara rejeição à agressão e
envolver o entorno do agressor nessa rejeição. Outro ponto importante é manter
a privacidade tanto da pessoa agredida como a presunção de inocência da pessoa
acusada, que devem ser respeitadas.


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