Cotidiano

Veganismo: a importância de uma alimentação balanceada

Fernando Boeira Keller

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 17:51 | Atualizado há 5 meses

Visto como uma dieta radical por alguns e responsável por outros, o veganismo é um estilo de vida que exclui todos os alimentos de origem animal, como carnes, ovos, peixes, leite, entre outros.

Não há uma pesquisa no Brasil sobre o número de veganos. Porém há uma uma estimativa de que 4% da população brasileira, ou seja, 7,6 milhões de pessoas, seja vegetariana, e muitas delas veganas. 

De acordo com a presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Marly Winckler, há sinais de que este é um mercado em ascensão, visto que dados do Instituto Ipsos mostram que 28% dos brasileiros têm diminuído o consumo de carne. 

A nutricionista e docente da Estácio, Daniella de Brito, explica as diferenças do vegetarianismo para o veganismo, e que é necessário um acompanhamento profissional da nutrição para quem faz esta opção alimentar.

“O vegetarianismo é uma
uma escolha alimentar no qual se tiram produtos de origem animal do
cardápio, porém, existem diversos tipos de vegetarianos:
Ovolactovegetarianismo, Lactovegetarianismo, Ovovegetarianismo,
Vegetarianismo estrito e alimentação vegana, esses que não podem
consumir nada de origem animal. O veganismo resume em
uma pessoa que não come nada de origem animal, como no
vegetarianismo estrito, e também não se compra nenhum produto que
tenha origem animal ou que tenha sido testado em animais – a ideia é
não financiar o sofrimento animal de qualquer tipo”, elucida.

A nutricionista comenta as vantagens de se adotar a dieta vegana, que é rica em fibras e desempenha um papel importante no organismo, evitando a diabetes tipo 2. 

“Uma dieta vegana pode
trazer diversas vantagens para o organismo, como uma dieta rica em
nutrientes. Uma alimentação vegana não é apenas salada. Grãos
integrais, frutas, legumes, feijões, ervilhas, nozes e sementes,
fornecem mais fibras, antioxidantes e compostos vegetais benéficos.
Evita problemas como o diabetes tipo 2, melhora o controle da pressão
arterial e do colesterol”, explica.

 


			Daniella de Brito, nutricionista, explica detalhadamente sobre o veganismo

Reprodução/Arquivo pessoal


 

Daniella alerta para a necessidade de acompanhamento de um profissional da nutrição habilitado para quem faz esta opção alimentar. 

“O veganismo não oferece riscos à saúde, desde que acompanhado a pessoa conte com o acompanhamento de um profissional que saiba organizar sua rotina alimentar e a distribuição de nutrientes no cardápio”, argumenta.

No entanto, para quem quer adotar esse estilo de vida, a nutricionista afirma que o ideal é começar pelo vegetarianismo, por ser mais brando em restrições e entender que não se trata apenas de uma dieta sem carne, mas também estar ciente dos benefícios para o organismo. 

“A regra básica é a
substituição, substituir a proteína animal por outras fontes de
proteína, vegetal. Mais importante do que
a forma que vai abrir mão da carne é entender a importância de
substituir os seus benefícios na alimentação do dia a dia. O ideal é sempre
procurar um nutricionista para guiar nesse caminho, assim evita-se
desnutrição e complicações causadas pela deficiência de
nutrientes”.

Engana-se quem pensa que os veganos vivem de privações, pelo contrário, na dieta vegana podem ser encontrados diversos alimentos que trazem vários benefícios para a saúde e permite a criatividade na hora de criar um prato. 

“É possível substituir
a carne por leguminosas, oleaginosas, algas, cereais integrais, todos
ricos em proteína de origem vegetal. A elaboração de receitas
saborosas e nutritivas, contribuem com inúmeros benefícios para a
saúde. A gastronomia permite usar a imaginação e ingredientes sem
carne para fazer pratos incríveis. Podemos substituir por soja, grão
de bico, tofu, quinoa, lentilha, espinafre, ervilhas, castanha de
caju, dentre outras fontes”, afirma a nutricionista.

Para a suplementação do organismo, na falta do consumo de carne, Daniella revela que podem ser utilizadas outras opções. “Temos alimentos ricos em proteína de origem vegetal como castanhas, semente de abóbora, girassol, linhaça, quinoa, amaranto, cogumelos, algas e leguminosas, como o feijão. Além dos vegetais que auxiliam na reposição de vitaminas e minerais, como as folhas escuras e sua associação com frutas ricas em vitamina C, para auxiliar na melhor absorção do ferro”, afirma.

Por se tratar de uma alimentação sem o consumo de produtos de origem animal, nem todos os públicos podem aderi-la, seja por idade ou por alguma doença, como o câncer, pois a falta de nutrientes presentes nestes produtos pode levar problemas à saúde. 

“Não é
qualquer um que pode se tornar vegano, existem limites. Pessoas com
mais de 80 anos, grávidas, pessoas com câncer e outras doenças não
deveriam adotar essa dieta. A falta dos nutrientes presentes em uma
dieta que inclua alguma proteína animal, mesmo que leite e derivados
ou ovos, pode provocar anemia, fraqueza, déficit de crescimento,
dificuldade de ganhar massa muscular, queda da imunidade, entre
outros problemas”, esclarece. 

Para quem é adepto à dieta e pode aderir a ela, a nutricionista afirma que este estilo de vida é benéfico não só para o organismo, mas também para o meio ambiente. 

“E se
torna um hábito mais saudável para o organismo e para o meio
ambiente, já que os adeptos a essa dieta acabam buscando informações
que o tornam mais conscientes do espaço que ocupam no meio ambiente
e das consequências dos seus atos sobre o mesmo, passando a adotar
uma alimentação com impacto ambiental bem menor em relação à
alimentação onívora”, finaliza.

Tags

Leia também

Siga o Diário da Manhã no Google Notícias e fique sempre por dentro

edição
do dia

Impresso do dia

últimas
notícias