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Ao falar sobre inclusão escolar, devemos refletir sobre a atual realidade em que ainda não vivenciamos a inclusão plenamente. Temos experimentado a realidade de matrículas aceitas como garantia de acesso e permanência das pessoas com deficiência nas escolas. Esse é um assunto de extrema urgência, pois em toda a minha trajetória e vivência com famílias atípicas, a escola é a fonte de maior sofrimento para elas. Pensando nisso, como a psicopedagogia pode contribuir para que a inclusão deixe de ser uma idealização e se torne realidade?
Aqueles que trabalham com a psicopedagogia, os psicopedagogos, possuem em sua formação conhecimento e habilidades para analisar como ocorre o processo de aprendizagem de determinado sujeito e se há algo que possa estar afetando esse percurso na escola. O psicopedagogo adotará essa perspectiva, lembrando que o foco de sua atenção não são apenas as dificuldades de aprendizagem em si, mas o processo de aprendizagem como um todo. Consequentemente, se houver algo que esteja prejudicando o processo, ele saberá identificar e intervir.
Com o advento da inclusão, torna-se necessário uma visão mais aguçada diante das necessidades educativas dos alunos, pois agora a escola não atende apenas a um determinado padrão, mas precisa ser acessível a todas as crianças, com ou sem deficiência, com dificuldades ou facilidades, com desempenho cognitivo baixo, médio ou superior.
O psicopedagogo pode oferecer assistência e orientação aos professores, prevenindo as dificuldades de aprendizagem e desenvolvendo um trabalho psicopedagógico educacional com os estudantes. Dessa forma, contribui para a melhoria das condições do processo de ensino-aprendizagem. Além disso, pode ajudar a proporcionar uma visão mais atenta e sensível às individualidades, capacitando o professor a perceber quando uma criança apresenta determinada dificuldade.
O psicopedagogo pode avaliar quais fatores facilitaram a construção de determinadas dificuldades, incluindo aqueles relacionados à escola, como inadequação da metodologia de ensino-aprendizagem, planejamento ineficaz, falta de qualificação profissional, turmas superlotadas, atividades inadequadas para a faixa etária, entre outros. Também pode identificar aqueles relacionados ao desenvolvimento do sujeito, como problemas emocionais e familiares, problemas orgânicos, distúrbios de aprendizagem e transtornos comportamentais. Não se trata de atribuir "culpa" ao aluno ou à escola, mas de identificar o que favoreceu o surgimento da dificuldade para trabalhar de forma objetiva.
A prática psicopedagógica aborda questões que ainda são tabus, pois ainda hoje existe a ideia de que o aluno com dificuldades precisa de acompanhamento clínico para "normalizar", e a escola não revisa o que está fazendo pelo aluno. Mais uma vez, vemos o papel do psicopedagogo em estabelecer parceria com os profissionais envolvidos, inclusive os professores, para esclarecer e apontar o que precisa ser modificado e onde é necessário intervir.
A psicopedagogia busca melhorar as relações com a aprendizagem, assim como a qualidade da construção do próprio processo de aprendizagem dos alunos e educadores. Portanto, não beneficia apenas aqueles que já apresentam dificuldades, mas também atua na prevenção, agindo antes que as dificuldades possam surgir ou se agravar.
Compreendemos, então, que o psicopedagogo contribui diretamente para a inclusão na escola e tem muito trabalho a fazer. Enfim, a escola atual não pode mais favorecer a exclusão; é necessário romper barreiras e buscar o desenvolvimento de cada aluno. A educação é fundamental para o desenvolvimento do sujeito, e a oportunidade de se desenvolver de forma plena, autônoma, justa, humana e feliz deve começar na escola. A presença da psicopedagogia dentro da escola torna a inclusão mais eficaz e possível, partindo da perspectiva de que todo sujeito é capaz de aprender.
