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CAFÉ COM O PSICANALISTA

O que se faz em uma sessão de análise?

Esta pergunta escuto muito, mas e você sabe o que "fazemos"?

Imagem ilustrativa da imagem O que se faz em uma sessão de análise?

Você e eu sabemos de um fato - estamos em um mundo e sociedade cada vez mais “fazedor”, ou seja, queremos algo que dê resultados concretos, que conseguimos ver e mensurar.

Nossa vida toda, no trabalho, na profissão, nos projetos sempre precisamos fazer algo que consiga ver, apalpar e olhar como um grande prêmio. Mas disso advém uma grande dificuldade quando se fala em saúde mental, de autocuidado e do próprio processo de análise, pois neste campo não conseguimos “ver” algo concretamente dimensionado, e pode existir até mesmo um menosprezo por tudo isto que não se pode mensurar e medir.

Exatamente por este motivo e motivado por uma pergunta que um amigo me fez há alguns dias surge esta reflexão. Ele inquieto com algum dos vídeos que eu postei no meu Canal do Youtube, onde respondia a pergunta “Por que preciso de análise”, e daí me perguntou: “Mas me diga, o que você faz lá no consultório? Nos atendimentos?

Quando ele me fez essa indagação eu comecei a pensar para dar uma explicação e cheguei a uma reflexão interessante. A nossa cultura atual é muito acostumada com coisas muito empíricas, que é aquilo que eu posso pegar e sentir, como já mencionei. Por exemplo, se eu falo que fiz um bolo de chocolate, eu faço todo um processo - pego os ingredientes e deles faço algo que é palpável e posso ver. Mas quando alguém procura um processo de análise, não vai encontrar algo empírico, ou seja, algo que eu posso tocar, e fazer algo de concreto. É um processo analítico de olhar para dentro de si, fazer perguntas e ter respostas. Claro que como consequência do processo de análise a pessoa irá repensar sua forma de agir ou seu comportamento, porque antes de agir ela vai refletir sobre o seu ser.

E talvez outra dificuldade que temos hoje na clínica é que como estamos acostumados no fazer puramente empíricos ou palpável, e sempre muito rápido. Queremos fazer algo, mas desde que seja rápido, sem “enrrolação”, algo bem prático. E quando se percebe que algo está exigindo um pouco mais de tempo, já vem na mente a vontade de desistir de tentar outra coisa. Estamos dentro das redes e mídias, e exigimos que tudo seja feito rápido, que o site seja carregado rapidamente, o celular e computador seja mais rápido ainda, e assim, vamos nos acostumando em substituir quando estes elementos ou redes não nos satisfaz, no nosso tempo e como queremos. E quais são os efeitos deste modo de agir para o processo de Análise? Além de querermos algo bem palpável e que eu consiga ver, eu não posso perder muito tempo. Qualquer processo que exija um pouco mais de tempo e de cuidado atento pode me parecer enfadonho e cansativo.

Daí se entende a pergunta do meu amigo, querendo saber o que eu faço no consultório. Pois é a maneira de pensar comum nos nossos dias. Contudo o que acontece no processo analítico é a ajuda àquelas pessoas a serem melhores e mais vivas, partindo sempre de sua própria verdade, e autenticidade. E essa dificuldade de querer ver algo palpável sendo feito é que nos dificulta no processo de ir ao encontro da origem da minha dor, daquilo que está me incomodando.

Anota aí: o ‘ser’ vem antes do ‘fazer’. Está disposto a trilhar um caminho para dentro de si mesmo? Me conte lá no instagram@eliassilva.psi

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