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Fisiatria: a especialidade médica essencial na reabilitação e no combate inovador contra a dor

Redacão

Publicado em 29 de abril de 2025 às 10:27 | Atualizado há 2 semanas

Medicina Física e Reabilitação oferece abordagens personalizadas, incluindo procedimentos minimamente invasivos, para restaurar a função e a qualidade de vida de pacientes com diversas condições, com destaque para o tratamento da dor crônica.
Medicina Física e Reabilitação oferece abordagens personalizadas, incluindo procedimentos minimamente invasivos, para restaurar a função e a qualidade de vida de pacientes com diversas condições, com destaque para o tratamento da dor crônica.

Em um mundo onde a busca por bem-estar e qualidade de vida é constante, uma especialidade médica vem ganhando destaque por sua abordagem holística e foco na funcionalidade: a Fisiatria, também conhecida como Medicina Física e Reabilitação. Frequentemente associada apenas à recuperação de grandes traumas ou doenças neurológicas, a Fisiatria desempenha um papel crucial e cada vez mais reconhecido no manejo da dor, oferecendo soluções inovadoras e menos invasivas para milhões de brasileiros que sofrem com condições dolorosas agudas e crônicas.

Mas, afinal, o que é a Fisiatria? Trata-se de uma área da medicina dedicada a diagnosticar, tratar e prevenir doenças e lesões que causam limitações físicas e funcionais. O médico fisiatra possui uma visão global do paciente, não se concentrando apenas na doença em si, mas principalmente em seu impacto na vida diária, nas atividades profissionais, sociais e de lazer. O objetivo final é sempre maximizar a capacidade funcional do indivíduo, promovendo independência e melhorando sua qualidade de vida.

Uma Especialidade Nascida da Necessidade

A Fisiatria como especialidade médica formal tem suas raízes em um período de grande necessidade: a Segunda Guerra Mundial. Com um número sem precedentes de soldados retornando do front com lesões complexas – amputações, lesões na medula espinhal, traumatismos cranianos e danos neurológicos –, tornou-se evidente a urgência de uma abordagem médica focada não apenas na sobrevivência, mas na reabilitação e reintegração desses indivíduos à sociedade. Figuras como o Dr. Howard Rusk, nos Estados Unidos, foram pioneiras em desenvolver programas de reabilitação abrangentes, consolidando os princípios que hoje norteiam a Fisiatria. Desde então, a especialidade evoluiu enormemente, expandindo seu campo de atuação para uma vasta gama de condições.

Amplo Espectro de Atuação: Do AVC à Dor Lombar

O fisiatra está apto a tratar uma diversidade impressionante de patologias. Entre as mais conhecidas estão as condições neurológicas, como sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC), lesão medular, paralisia cerebral, esclerose múltipla e traumatismo cranioencefálico. Nesses casos, o trabalho do fisiatra é fundamental para gerenciar a espasticidade (rigidez muscular), melhorar a mobilidade, a comunicação e as atividades de vida diária, coordenando uma equipe multidisciplinar que pode incluir fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicólogos e outros profissionais.

Além das condições neurológicas, a Fisiatria abrange o tratamento de doenças musculoesqueléticas, como artrose, tendinites, bursites, lesões esportivas, síndromes dolorosas miofasciais e dores na coluna (lombalgia e cervicalgia). Pacientes amputados também se beneficiam enormemente do acompanhamento fisiátrico para adaptação de próteses e reabilitação funcional.

Foco Essencial no Tratamento da Dor

Um dos campos de maior destaque e crescimento dentro da Fisiatria moderna é o manejo da dor, especialmente a dor crônica, condição que afeta uma parcela significativa da população e representa um desafio para a saúde pública. A dor crônica, definida como aquela que persiste por mais de três a seis meses, pode ter origens diversas – osteoarticular, neuropática, miofascial – e frequentemente impacta profundamente o bem-estar físico e emocional do paciente.

O médico fisiatra aborda a dor de maneira diferenciada. A avaliação inicial é minuciosa, buscando não apenas identificar a fonte da dor, mas também compreender como ela afeta a funcionalidade, o sono, o humor e a vida social do paciente. Com base nesse diagnóstico abrangente, é traçado um plano terapêutico individualizado, que pode envolver diversas estratégias combinadas.

“A Fisiatria enxerga o paciente com dor crônica de forma integral. Não tratamos apenas o sintoma ‘dor’, mas sim o indivíduo que sofre com ela. Nosso objetivo é reduzir a dor a um nível gerenciável, mas, tão importante quanto, é restaurar a função perdida e devolver ao paciente a capacidade de realizar suas atividades significativas”, explica o Dr. Marcus Pai, médico fisiatra e especialista em dor, com atuação em São Paulo.

Procedimentos Intervencionistas: Aliados Contra a Dor

Uma das grandes vantagens da abordagem fisiátrica no tratamento da dor é a utilização de procedimentos intervencionistas minimamente invasivos, guiados por métodos de imagem como ultrassonografia ou radioscopia. Essas técnicas permitem tratar a dor de forma mais direcionada, muitas vezes reduzindo a necessidade de medicamentos orais (com seus potenciais efeitos colaterais) e, em muitos casos, adiando ou evitando a necessidade de cirurgias.

Entre os procedimentos mais comuns realizados pelo fisiatra especialista em dor estão:

  1. Aplicações de Toxina Botulínica (Botox®): Muito além de seu uso cosmético, a toxina botulínica é uma ferramenta terapêutica poderosa nas mãos do fisiatra. É utilizada para tratar a espasticidade muscular em pacientes neurológicos, ajudando a relaxar músculos contraídos e dolorosos. Além disso, tem indicações precisas para o tratamento da enxaqueca crônica, de dores miofasciais (pontos-gatilho) e de certas condições de dor neuropática, atuando no bloqueio de neurotransmissores relacionados à dor e à contração muscular excessiva.
  2. Infiltrações: Consistem na aplicação de medicamentos diretamente no local da dor ou inflamação. Podem ser realizadas em articulações (infiltrações intra-articulares, como no joelho ou ombro, com corticoides ou ácido hialurônico para artrose), ao redor de tendões inflamados (periarticulares, para tendinites ou bursites) ou em pontos-gatilho musculares. Os medicamentos mais usados são anestésicos locais (para alívio imediato) e corticoides (para controle da inflamação a médio prazo).
  3. Bloqueios Nervosos: Técnica utilizada tanto para diagnóstico quanto para tratamento. Consiste na aplicação de anestésicos locais, com ou sem corticoides, próximos a nervos específicos que se acredita serem a origem da dor. Se a dor melhora significativamente após o bloqueio, confirma-se que aquele nervo está envolvido. Terapeuticamente, o bloqueio interrompe os sinais de dor transmitidos pelo nervo, proporcionando alívio que pode durar de semanas a meses. São comuns bloqueios na coluna (facetários, epidurais seletivos) para dor lombar e cervical, e bloqueios de nervos periféricos para neuralgias.

Dr. Marcus Pai ressalta os benefícios dessas abordagens: “Os procedimentos intervencionistas guiados por imagem nos permitem ser extremamente precisos, entregando a medicação exatamente onde ela é necessária. Isso aumenta a eficácia do tratamento, minimiza a dose de medicamento e reduz os riscos. Para muitos pacientes com dor crônica que não respondem bem a tratamentos convencionais, essas técnicas representam uma esperança real de alívio e melhora funcional, muitas vezes sendo uma alternativa a procedimentos cirúrgicos mais invasivos.”

Benefícios Tangíveis para o Paciente

A abordagem fisiátrica, combinando reabilitação, orientação, medicamentos (quando necessários) e procedimentos intervencionistas, oferece múltiplos benefícios:

  • Alívio Efetivo da Dor: Tratamento direcionado à causa e aos mecanismos da dor.
  • Melhora da Função: Foco na recuperação da capacidade de realizar atividades diárias.
  • Redução da Necessidade de Cirurgias: Opções menos invasivas como primeira linha de tratamento.
  • Diminuição do Uso de Medicamentos Orais: Menos efeitos colaterais sistêmicos.
  • Abordagem Personalizada e Multidisciplinar: Plano de tratamento adaptado a cada indivíduo.
  • Melhora da Qualidade de Vida: Retorno ao trabalho, lazer e convívio social.

“Ver um paciente que mal conseguia andar por causa da dor lombar voltar a caminhar sem auxílio, ou alguém com dor incapacitante no ombro conseguir novamente levantar o braço para pegar um objeto, é a maior recompensa do nosso trabalho. A Fisiatria oferece ferramentas para quebrar o ciclo vicioso da dor e da incapacidade, devolvendo autonomia e alegria de viver”, conclui Dr. Marcus Pai.

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